Exposição “Isidoro nunca visto” está patente na Biblioteca Municipal de Vila Nova de Gaia até ao dia 18 de abril.
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Jaime Isidoro nasceu a 21 de março de 1924, na cidade do Porto. Deixou-nos a 21 de janeiro de 2009, mas o seu legado enquanto divulgador, colecionador e artista, nome central do sistema artístico nacional na segunda metade do século XX, torna-o eterno.
Por estes dias, são várias as efemérides que têm como objetivo assinalar o centenário nascimento e, sobretudo, a sua obra e, no passado dia 15 de março, inaugurou na Biblioteca Municipal de Vila Nova de Gaia a exposição “Isidoro nunca visto”, com curadoria de Daniel Isidoro e Agostinho Santos, que celebra a sua atividade como artista, pintor, num percurso que começa com a primeira exposição no Salão Fantasia, no Porto, em 1945.
A exposição, como o próprio nome indica, reúne um conjunto de trabalhos menos expostos de Jaime Isidoro, sobretudo se considerarmos os períodos de maior produção até meados da década de 1950 e após a década de 1990, ou seja, excluindo um extenso período em que as atividades de divulgador cultural e galerista foram dominantes. A exposição fica patente até 18 de abril de 2024 e é também uma oportunidade para revisitar algum do espólio documental da Galeria Alvarez, sendo uma abordagem curatorial que relaciona a produção do artista com o seu lastro em diferentes áreas.
Jaime Isidoro nasceu no seio de uma família simples, tendo crescido no contexto de um Portugal triste e sem Liberdade. Não obstante, Jaime Isidoro, que despertou ainda criança para a prática artística, fez da sua vida uma aventura extraordinária, devendo-lhe o país, provavelmente, a criação do seu sistema da arte.
Em 1954, depois de uma curta, mas reconhecida carreira como pintor e designer, cria a Galeria Alvarez, no Porto, a mais antiga do país ainda em funcionamento. Seguem-se iniciativas na Casa da Carruagem (Valadares, Vila Nova de Gaia), a Revista de Artes Plásticas, os Encontros Internacionais de Arte, as Bienais Internacionais de Arte de Cerveira ou o Café des Arts, a que se soma o apoio à divulgação de artistas do modernismo português sendo sua a organização, por exemplo, da primeira exposição póstuma de Amadeo de Souza-Cardoso.
Apostou e promoveu um número considerável de artistas que hoje se inscrevem na História da Arte Contemporânea portuguesa, patrocinando a internacionalização de alguns deles e sendo ímpar o seu papel de impulsionador da performance em Portugal, bem como a importância da Galeria Alvarez no que se define como “Escola do Porto”.
Jaime Isidoro dedicou 40 anos à divulgação das artes plásticas e visuais, contribuiu para o desenvolvimento do colecionismo de arte em Portugal e legou-nos uma coleção com milhares de obras de arte, representativa da arte moderna e contemporânea nacional e internacional. Nunca deixou de pintar, de ser, também, artista.
É com o objetivo de divulgar todo este legado que, no próximo dia 10 de abril, pelas 21.30 horas, no Auditório do Museu de Serralves, no Porto, estreia também o documentário “Jaime Isidoro: divulgador, colecionador, artista” que tem como objetivo reinscrever, de forma justa, a sua importância para História da Arte Portuguesa, a partir da segunda metade do século XX, reposicionando, ao mesmo tempo, o Porto e o Norte do país como motores da introdução das vanguardas e baluartes da Liberdade.
O documentário conta com o testemunho de personalidades ilustres do panorama artístico nacional tais como Albuquerque Mendes, António Quadros Ferreira, Bernardo Pinto de Almeida, Júlio Gago, Laura Castro, Mário Cláudio, Silvestre Pestana, Álvaro Siza Vieira ou Zulmiro de Carvalho, entre outros, sendo um documento que procura valorizar o papel de Jaime Isidoro através da validação pelos seus pares e pelo meio, num exercício de historiografia com diferentes apontamentos de arquivo que resultam de um trabalho de investigação de vários anos.
Estas são apenas algumas das iniciativas que, ao longo de 2024, assinalarão o centenário de nascimento de Jaime Isidoro e que percorrerão diferentes pontos do país.