Curta-metragem de Katerina Karkankhóva é um espelho social que disseca o bullying.
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“Os Bullies”, curta-metragem da checa Katerina Karkhanková, é mais do que uma dissecação do bullying; é um espelho que reflete as nuances e ambiguidades da convivência infantil. O filme retrata, com uma estética minimalista e animação misturada com imagem real, um grupo de crianças cujas brincadeiras num parque infantil revelam, aos poucos, algo mais sombrio: a crueldade que, às vezes, nasce de forma inconsciente, como uma sombra de algo que ainda não entendemos bem.
Sem precisar de palavras, Karkhanková leva-nos agarrados pela mão até um território familiar, mas desconfortável: o campo de jogos onde risos e exclusões coexistem lado a lado. A cada olhar desviado, a cada gesto de rejeição, todos feitos em grandes planos, a narrativa vai tecendo uma teia que nos prende, obrigando-nos a refletir.
Quando começa o comportamento que agora chamamos bullying? Qual é o momento exato em que aprendemos a fazer com que o outro se sinta pequeno para nos sentirmos maiores?
“Os Bullies” não é apenas uma curta-metragem inocente. É um convite à introspeção. Mia tem o seu brinquedo, que aqui pode ter várias interpretações, que é feito refém pelos “bullies” – e na tentativa de resgate de Mia, o boneco não escapa ileso. O volte-face da história decorre quando um dos agressores pactua com Mia.
“O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons”: nesta curta-metragem é muito visível a máxima de Martin Luther King. Com o seu final inquietante, deixa-nos com perguntas que reverberam: e se a mudança tivesse começado ali, naquele instante? Afinal, será que é tão cedo assim para ensinar o que é a empatia?
Este filme deveria ser visto por crianças e por adultos. São oito minutos para pensar o que nos torna maiores: é a nossa humanidade ou a nossa crueldade?