Certame dedicado às novas vozes e formas de teatro toma conta de Guimarães entre os dias 5 e 14 de junho.
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Entre 5 e 14 de junho, o teatro volta a tomar conta dos palcos vimaranenses, na 37.ª edição dos Festivais Gil Vicente. Este ano, há duas estreias absolutas: “Se não for tu”, de Era Rolim, resultante do Projeto Casa; e “Corre, bebé!”, de Gaya de Medeiros e Ary Zara, trabalho que venceu a Bolsa Amélia Rey Colaço. Mantendo o hábito de ir buscar ao baú peças “que tiveram menos atenção do que mereciam”, o diretor artístico da empresa municipal A Oficina, Rui Torrinha, propõe “Matriarca ‘74”, de Pedro Nunes. O menu do festival inclui ainda “Ricardo III”, de Marco Silva, interpretado por surdos.
Uma marca da programação cultural de Guimarães é a atenção dada à criação. Nos Festivais Gil Vicente (no plural porque, no passado, já contiveram mostras distintas, do teatro infantil aos grupos amadores), esta prioridade fica patente na apresentação de um conjunto de espetáculos em que A Oficina é coprodutora. A estreia de “Se não for tu”, de Era Rolim, abre o certame, no dia 5, na Black Box do Centro Internacional de Artes José de Guimarães.
A peça foi um dos projetores vencedores da terceira edição do Projeto Casa – iniciativa de A Oficina, do Espaço do Tempo e do Cineteatro Louletano –, que procura incentivar a experimentação e a emergência de novas linguagens cénicas. No dia seguinte, o Centro Cultural Vila Flor (CCVF) estreia o trabalho vencedor da 7.ª edição da Bolsa Amélia Rey Colaço, “Corre, bebé!”, de Gaya de Medeiros e Ary Zara. No dia 13, no CCVF, apresenta-se “Viagem a Lisboa”, um espetáculo-concerto, com encenação de Joana Cotrim e Rita Moraes, coprodução de A Oficina com o Teatro de Pombal.
Rui Torrinha vê os Festivais Gil Vicente “como um investimento em criação a partir de Guimarães”, que não deixa “encolher a escala das ideias”. O também diretor artístico do CCVF destaca a promoção de artistas que, de outra forma, poderiam não ter oportunidade de emergir. Dá o exemplo de Sara Inês Gigante: “Nós apostamos no ‘Massa mãe’, que depois rodou em muitos teatros pelo país e, posteriormente, a Sara viria a vencer a Bolsa Amélia Rey Colaço”. O espetáculo “repescado” este ano, “Matriarca ‘74’”, de Pedro Nunes, é também resultado de uma residência no Centro de Criação de Candoso, em Guimarães, em 2023.
Fiéis à ideia de promover novas linguagens cénicas, os festivais apresentam “Ricardo III” (dia 14, CCVF), encenação de Marco Silva que desassossega: tem interpretação de atores surdos, em língua gestual portuguesa e língua de signos espanhola, legendado em português.
Ator Pedro Gil encena a comédia "Enciclopédia da vida sexual"
"Enciclopédia da vida sexual" sobe ao palco do Centro Cultural Vila Flor no dia 7 de junho, com texto e encenação de Pedro Gil. O argumento desta comédia anda à volta de uma mulher poliamorosa que se apaixona por um monogâmico convicto, mas tem receio de o perder. Para conseguir segurar esta relação instável, a mulher conta com a cumplicidade da família e amigos, que a tentam ajudar o mais que podem. Na senda das novas vozes, explica o diretor de A Oficina, Rui Torrinha, “damos também espaço a pessoas como o Pedro Gil, que é muito conhecido no meio teatral, mas fundamentalmente pelo seu trabalho como ator”.