De portas fechadas, mas à simples distância de um ecrã. Assim estão incontáveis museus espalhados pelo país e não só, que ajustaram rapidamente a sua oferta aos dias atuais. Conheça de seguida três espaços museológicos internacionais que reclamam uma visita urgente. Mesmo que virtual.
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Não nos importaríamos decerto de enfrentar novamente as filas, os empurrões, o suor alheio e o inevitável cansaço só para termos a possibilidade de estarmos a poucos metros da tal obra de arte que nos devolvesse a crença em tudo quanto julgávamos já ter desistido de professar.
Uma espécie de milagre capaz de concentrar num só artefacto algo equivalente à voz de Leonard Cohen, a um verso de Wislawa Szymborska ou aos lábios de Scarlett Johansson.
Mas, enquanto, esse cenário é mais futurista do que qualquer plano mirabolante de Elon Musk, podemos sempre fazer uso da tecnologia para encurtar as distâncias (e os dias, já agora).
Se teremos sempre Paris, como nos anunciava Bogart, o Louvre, esse reduto sem fim dos nossos sentidos, está obviamente incluído. Por isso, nada melhor do que aceder ao site www.youvisit.com/tour/louvremuseum para recriarmos com uma precisão não negligenciável a experiência sempre impactante de percorrer as galerias e corredores onde estão alojados os mais de 38 mil objetos pertencentes a um arco temporal que vai da pré-História aos nossos dias.
Cada vez mais ativo nas redes sociais, com visita guiadas a cargo de especialistas, o museu disponibiliza até aplicações próprias dedicadas em exclusivo à incontornável Mona Lisa. E a melhor parte: sem enervantes flashes ou filas a atrapalharem-nos a fruição devida. Se procura obras menos badaladas, como "A tranca", de Fragonard, não lhe faltará oferta:
https://www.facebook.com/museedulouvre/videos/321002202688478
Uma visita inédita é o que promete, por seu turno, o Museu Dalí, nas imediações de Barcelona. O conceito de interatividade está fortemente presente neste espaço, digno de fazer jus à dimensão fortemente onírica do mestre surrealista.
Ao entrarmos no site, o mapa 3D deste Teatro-Museu transmite-nos em poucos segundos todo o manancial de possibilidades ao nosso dispor. Logo no pátio somos recebidos por um cadilac preto conhecido como "Taxi Chuvoso", que Dalí concebeu para a Exposição Surrealista organizada por André Breton em 1938.
Igualmente digno de visita é o quarto dedicado a Mae West, diva cinematográfica dos anos 30, cuja figura voluptuosa se encontra amplamente retratada em todos os recantos deste espaço, dos lábios ao nariz.
Por mais breve que seja uma viagem virtual, é forçosa uma paragem no Museu Nacional de História Natural Smithsonian, em Washington, capaz de oferecer uma visitas de 360º sem paralelo.
Seriam necessárias várias vidas para observarmos com o detalhe necessário os 125 milhões de espécies de plantas, animais, fósseis, minerais, rochas e meteoritos representados neste majestoso espaço. Todavia, há espécimes imperdíveis, a começar pelo icónico mamute que acolhe os visitantes no hall de entrada, mas sem esquecer também a sala dos dinossauros, de longe a preferida de grande parte das quase sete milhões de pessoas que visitaram o museu em 2019.
Se preferir uma visita abreviada, para ficar ao corrente das principais alas deste espaço fundado há 111 anos:
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Quaisquer que sejam os destinos virtuais que a visita possa assumir, uma certeza ganha força em nós: quando os museus finalmente abrirem portas, não nos vamos ralar minimamente com as filas, os empurrões, o suor alheio e o inevitável cansaço. Bem, pelo menos por algum tempo...