Os quatro planetas de Django Django

Lançados para a galáxia, os Django Django visitam quatro planetas no LP duplo “Off  planet”, quinto esforço da banda que se estreou com um refrescante álbum de art pop em 2012. Trata-se de um épico de construção e desmantelamento – 21 faixas de almanaque exploratório onde revisitam influências, testam possibilidades, regurgitam o que virá depois.

Já na génese era banda inquieta, atraindo orientalismos e afro beat para o seu caldo psicadélico – mas eram ainda canções, vagamente estruturadas, com linhas perceptíveis de desenvolvimento e apogeu. Nem tudo isso se desintegrou na aventura cósmica de “Off planet”, que resulta de uma coleção de quatro EP lançados separadamente no início do ano, com exceção do último, que surgiu já integrado no pacote sideral. Há ainda memórias de “Django django” em revisões da matéria como “Slipstream” ou “Complete me”, pop dançável com travo dos anos 1990 onde se ergue a voz de Self Esteem, uma das várias convidadas do disco.

Se os planetas 1 e 2 são algo indecisos no seu perfil, ainda com traços terrestres, mas já com paisagens alienígenas, como “Osaka” ou “Lunar vibrations”, os globos 3 e 4 revelam melhor as intenções da banda – um festim de experiências com a eletrónica: do tecno ao downtempo, do krautrock ao acid house. Passa tudo à desfilada, por vezes na mesma faixa, como se fosse um levantamento de paisagens e formas de vida.

Há soul e groove e folk a irromperem em tapeçarias digitais, como em “Gazelle” ou “Galaxy mood”, cantada pela inventora do afrorave Toya Delazy. E conta-se que David Maclean, produtor e percussionista da banda, descobriu numa pesquisa Google por “hip hop japonês” o nome de Yuuko, a rapper que dá fôlego a “Don´t touch that dial”.

Podia ser um pouco mais peneirado? Sem dúvida. Há uma mão cheia de temas algo inconsistentes ou redundantes. Mas quando se parte à descoberta de quatro planetas há que estar preparado para o ocasional “Houston, we have a problem.”

“Off planet”
Django Django
Editora: Because Music