Com as programações a banhos, resta esperar pela rentrée para voltar a ver teatro no Porto. Eis alguns destaques do melhor que aí vem em setembro.
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Tudo se transformou na cidade do Porto nos últimos 30 anos, exceto uma velha tradição que persiste: os teatros fecharem em agosto. Terá tido lógica nos anos em que a cidade esvaziava e apareciam três dúzias de turistas do Norte da Europa. Hoje, não parece fazer qualquer sentido, mas a tradição tem muita força. Continuamos a ter que aguardar por setembro.
Felizmente, há boas razões, no Porto, Matosinhos ou Braga, para confiar na rentrée. A 19 de setembro chega ao Teatro Rivoli a nova criação da multipremiada coreógrafa Marlene Monteiro Freitas (Cabo Verde, 1979). "Nôt" estreou no último Festival de Avignon e inspira-se nos contos de "As mil e uma noites" para abordar temas como a resistência, a liberdade, a imaginação e o desejo.
Também no Porto, o Teatro Nacional São João inicia a temporada com novo diretor, Victor Hugo Pontes, e a montagem de "Vermelho", de John Logan, por Carlos Pimenta. A peça baseia-se na história da encomenda de uma série de murais ao pintor Mark Rothko para decorar o restaurante nova-iorquino Four Seasons, suscitando questões sobre a natureza e finalidade da arte. Estará em cena, no Carlos Alberto, de 18 a 28 de setembro.
Descendo até Matosinhos, onde há também nova direção artística no Teatro Municipal Constantino Nery, a cargo de José Nunes, a oferta contempla não só teatro, mas também concertos e comédia stand-up. Entre os destaques, espetáculos do Teatro Praga - "Audição", a 10 e 11 de outubro - e da Formiga Atómica: uma releitura de Tchékhov em "Só mais uma gaivota", a 24 de outubro.
Já em Braga, no Theatro Circo, volta à cena um texto de Harold Pinter, nome maior do teatro do absurdo. "Traição", de 1979, encenado por Manuel Guede Oliva, sobe ao palco logo no início de setembro, entre os dias 2 e 4. E a 19 será a vez de assistir à estreia de Dino D"Santiago na direção de uma ópera. "Adilson" resulta de uma encomenda da BoCA - Biennial of Contemporary Arts e conta com libreto de Rui Catalão e direção musical de Martim Sousa Tavares.
