Artista colombiano Oscar Murillo, co-galardoado em 2019 com o Prémio Turner, inaugura esta quinta-feira em Serralves a primeira exposição individual em Portugal.
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É através de “um gesto poético em prol do coletivo” que o artista colombiano Oscar Murillo apresenta a primeira exposição em Portugal. Patente ao público a partir desta quinta e até 26 de maio no hall, galeria contemporânea e capela do Museu de Serralves, “Together in our spirits” conjuga uma retrospetiva e trabalho realizado especificamente para o Porto.
Um desses novos trabalhos é “Frequencies”, exposto no hall, que nasceu de um conjunto de visitas do artista a escolas portuguesas. Durante seis meses, estudantes dos 10 aos 16 anos foram desafiados a riscar e desenhar de forma livre as telas fixadas nas secretárias.
"Frequencies" é, assim, "uma espécie de biblioteca, onde cada um pode escrever um diverso e quase infinito número de ensaios" dependendo de onde é originário, sendo também "um ensaio aberto, no qual o visualizador tem a possibilidade de trazer o seu próprio julgamento, a sua própria leitura".
Já o espaço da capela alberga uma nova pintura da série “Manifestation” criada para este local. A obra pretende ser “um confronto com o eu”, remetendo para os locais de culto como sítios de introspeção mas também de culpa e autocondenação.
A Galeria Contemporânea, por sua vez, apresenta três obras diferentes que combinam elementos de pintura e escultura, entre as quais uma coleção de esculturas de vestuário, criada por Murillo em 2022
e intitulada Arepas y Tamales, conjuga elementos de pintura e escultura. com vestuário funcional. "As peças são fabricadas a partir de tecidos que o artista criou ao extrair digitalmente símbolos desenhados à mão que se encontravam nas telas da série Frequencies, tais como caveiras, caras, corações e bandeiras, abundantes nas telas oriundas de vários países", explica o museu portuense numa nota de imprensa.
Co-galardoado em 2019 com o Prémio Turner, Murillo – colombiano nascido na linha imaginária do equador, radicado em Londres desde os 10 anos – vê a exposição em Serralves como uma aproximação a temáticas como a comunidade e espiritualidade, ao mesmo tempo que procura refletir sobre a desigualdade social, globalização e tensões geopolíticas.
As origens do artista refletem-se no trabalho que tem desenvolvido, nomeadamente "a virtude do movimento de uma parte do mundo para outra", consolidando-lhe o "ímpeto e energia".