Paco de Lucía, "um génio" que morreu, esta quarta-feira, aos 66 anos, foi considerado um revolucionário da guitarra e um dos principais responsáveis pela popularização do flamenco, arte que levou aos quatro cantos do planeta.
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Nascido em 1947, Paco de Lucía transformou-se nas últimas quatro décadas numa das principais 'vozes' da música espanhola, com concertos em dezenas de países - em Portugal tocou várias vezes.
Paco de Lúcia (Paco é diminutivo de Francisco e Lúcia era o nome da mãe, de origem portuguesa) fez pelo menos duas digressões em Portugal, a última das quais em 2004, quando apresentou o álbum "Cositas Buenas", mas no ano passado atuou para um público luso-espanhol no Festival de Fado e Flamenco (Badasom) em Badajoz.
De uma família de músicos - tem dois irmãos guitarristas e um outro cantor - colaborou ao longo da carreira com dezenas de músicos, incluindo guitarristas como Al DiMeola, John McLaughlin ou o pianista Chick Corea.
Subiu pela primeira vez a um palco com 12 anos - na altura chamava-se apenas Francisco Sánchez Gómez -, mas já antes ambicionava seguir os passos do pai, também guitarrista, e dedicar-se plenamente ao flamengo.
Foi a partir dos anos 60 do século passado e, especialmente na década seguinte, que o mito de Paco de Lúcia nasceu, com reinterpretações dos ritmos do flamengo que o guitarrista fundiu com outros sons, como o dos batuques, com que estreou, ao vivo, um dos seus temas mais conhecidos: "Entre dos aguas".
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Trabalhou com os principais nomes do flamenco em Espanha, retirou o flamenco dos "tablaos" (lugares onde se realizam apenas espetáculos de flamenco) e levou-o aos grandes palcos de todo o mundo, algo que se consolidou com esse "hit" de 1973, a rumba mais conhecida.
Misturou o flamenco com jazz, blues, country, salsa, bossa nova e até música hindú e música árabe, inspirando mestres de vários estilos.
Além de ser galardoado, em 2004, com o Prémio Príncipe das Astúrias - considerado o Nobel espanhol - recebeu, no mesmo ano, um Grammy pelo melhor álbum de flamenco, o Prémio Nacional de Guitarra de Arte Flamenco, a Medalha de Ouro Mérito das Belas Artes 1992, o Prémio Pastora e o Prémio da Música 2002.