Um dos fundadoes da revista "Rolling Stone", Jann Wenner, foi afastado da direção da fundação Rock and Roll Hall Of Fame, depois de afirmar que as mulheres e as pessoas negras "não tinham intelectualidade suficiente" para fazer parte de um livro que lançou com entrevistas as estrelas da música.
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As declarações polémicas foram feitas durante uma entrevista ao jornal "The New York Times", publicada na passada sexta-feira, sobre o lançamento do livro "Os Mestres", que vai ser publicado na próxima terça-feira, onde junta várias entrevistas que o autor fez a sete artistas do rock, como Bob Dylan, John Lennon, Mick Jagger, entre outros.
Questionado pelo jornalista sobre a ausência de mulheres e pessoas negras, Jann Wenner referiu que "nenhuma [mulher] se exprimiu de forma suficientemente estruturada intelectualmente" e que "não é que não sejam génios criativos. Mas também não é que sejam eloquentes".
Relativamente a artistas negros, Jann Wenner disse que Stevie Wonder, Marvin Gaye e Curtis Mayfield eram "geniais", mas considera que "quando se utiliza um termo tão abrangente como 'mestres', a culpa é da palavra. Quero dizer, eles simplesmente não se exprimiam a esse nível".
No sábado, o presidente da fundação Rock and Roll Hall Of Fame (Panteão do Rock and Roll), Joel Peresman, anunciou em comunicado que "Jann Wenner foi removido da direção da fundação".
No mesmo dia, o jornalista retratou-se das afirmações, atráves de um comunicado divulgado pela editora do livro, em que diz que fez "comentários que diminuíram as contribuições geniais e o impacto de artistas negros e mulheres" e pediu desculpa, "de coração, por essas afirmações".
Já esta segunda-feira, a revista "Rolling Stone reagiu na rede social X, antigo Twitter, relembrando que o jornalista "já não trabalha na revista desde 2019" e que as palavras proferidas durante a polémica entrevista "não refletem os valores e práticas" da publicação.
Jann Wenner fundou a revista Rolling Stone, em 1967, em conjunto com o crítico Ralph J. Gleason.
O jornalista, de 77 anos, entrou oficialmente para o passeio da fama em 2004 e esteve nomeado para um Emmy, em 2010, graças à transmissão do concerto de comemoração dos 25 anos da Rock and Roll Hall Of Fame, instituição que ajudou a criar.
Ao longo das décadas a revista foi várias vezes acusada de não cobrir artistas mulheres. Em 1970, Ellen Willis acusou a publicação de ser "visceralmente anti-mulher", relembra o "The New York Times".