Alice Miceli documentou campos minados nos quatro continentes.
Corpo do artigo
A artista brasileira Alice Miceli inaugurou esta semana na Escola das Artes da Universidade Católica no Porto a exposição "Em profundidade (campos minados): Angola e Bósnia", patente até 23 de junho.
A abertura da mostra inseriu-se em "Traumatic landscape", congresso que discutiu a relação das imagens com realidades históricas, espaciais e políticas traumáticas e como as imagens podem ser tão artísticas quanto políticas.
As minas terrestres continuam espalhadas por 70 países. Estima-se que ainda existam ativas 100 milhões destas armas. Em alguns países há mais minas do que população. Esta é a premissa para as duas séries de Alice Miceli apresentadas e bem documentadas no programa. Um programa que parece superior às imagens mostradas.
Nas duas séries apresentadas no Porto, uma mesma paisagem ´é fotografada em diferentes planos, sendo a mais extensa a de Angola, que possui 15 planos. A da Bósnia apresenta nove planos.
No programa, Luiz Camillo Osorio, curador da exposição, refere que "não há drama nas imagens, parecem paisagens prosaicas e ao mesmo tempo estranhas, intrigantes. Se o espectador passar rápido por elas, não vai ver nada. É aí que sempre mora o perigo. A ameaça iminente está nos detalhes".
O perigo está então latente, mesmo depois de declarada a paz em grande parte destes territórios. "Em profundidade (campos minados): Angola e Bósnia" foi retirada de um trabalho maior composto por quatro conjuntos de imagens que se complementam, um em cada continente: Camboja, Bósnia, Colômbia e Angola.
A obra de Alice Miceli entre vídeo e fotografia, parte da investigação de eventos históricos e viagens exploratórias, reconstituindo traços culturais e físicos de traumas passados infligidos em paisagens sociais e naturais. O seu trabalho faz parte de coleções do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (Brasil), Cisneros Fontanals Art Foundation (EUA) e Moscow Biennale Art Foundation (Rússia).
Em profundidade (campos minados): Angola e Bósnia
Escola das Artes (Porto)
Até 23 de junho