A história completa dos 25 anos do Museu Nacional da Imprensa é contada com detalhe no livro "Das ruínas nasce a utopia", da autoria de Luiz Humberto Marcos.
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Percorrer as páginas da obra “Das ruínas nasce a utopia” é, mais do que um exercício temporal, uma revisitação da história do jornalismo português, exemplarmente plasmado no projeto do Museu Nacional da Imprensa (MNI), no Porto.
São 25 anos (entre 1997 e 2022) de tal forma preenchidos que, para muitos, custa imaginar que as emblemáticas instalações junto à Ponte do Freixo já tiveram outro destino além da sede de um projeto cuja marca maior sempre foi a forma apaixonada de agir.
Do PortoCartoon às exposições itinerantes por todo o país, das visitas escolares às homenagens a figuras como Wolinski, Manoel de Oliveira, Álvaro Siza Vieira ou Manuel António Pina, sempre houve no MNI a crença de que, como reza o título, a utopia deve ser o motor da ação.
Principal dinamizador desta aventura desde os seus primórdios, Luiz Humberto Marcos conduz-nos por entre as numerosas etapas da existência de um projeto que se quis afirmar logo como um “museu vivo”, “orientando a sua estratégia para a descentralização cultural e a ‘deselitização’ da cultura, num processo que é lento, mas seguro para a democratização cultural”.
Uma das particularidades do Museu Nacional da Imprensa, a que o livro faz ampla referência, sempre foi a forma como conjugou a convocação da herança histórica (de que é exemplo a exposição permanente da maquinaria pesada que era necessária para a produção de um jornal) com a aposta firme no digital.
Há mais de 20 anos, quando este não assumia ainda o caráter incontornável que tem hoje, já os responsáveis do museu se desdobravam em projetos vocacionados para o virtual, num processo de internacionalização que fez o MNI chegar a distantes zonas do globo.
Por ironia cruel do destino, as comemorações dos 25 anos do MNI coincidiram com o seu encerramento provisório, sem que se perspetive a sua reabertura a breve trecho.
Refém de promessas políticas já quase tão antigas como a sua própria existência – como a aprovação de um restaurante com esplanada capaz de garantir receitas adicionais para o seu funcionamento –, o museu que relembra a importância da imprensa como um dos pilares do exercício da livre cidadania e do próprio regime democrático agoniza perante a indiferença coletiva. Até quando? V
“Das ruínas nasce a utopia”
Luiz Humberto Marcos
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