Novo filme do cineasta italiano Paolo Sorrentino, “Parthenope”, estreia esta quinta-feira nas cinemas.
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Na paisagem do cinema italiano de hoje, Paolo Sorrentino ocupa um lugar à parte. Apesar de se notar, por vezes, uma clara filiação no cinema de Fellini, títulos como “As consequências do amor”, “Il divo” ou “A grande beleza” revelaram um autor de estilo próprio e alguém com uma paixão enorme pela gramática do cinema.
É o que acontece de novo com “Parthenope”, também o nome da protagonista e uma alusão ao mito da sereia que fundou a cidade que então ostentou esse nome e que é a Nápoles da atualidade. A cidade onde Sorrentino nasceu, que já filmou e aonde regressa para uma nova declaração de amor.
Parthenope é aqui a personagem central, que acompanhamos desde o seu nascimento, em 1950, no seio de uma família rica de Nápoles, até à atualidade, sobretudo desde o início da idade adulta, onde a jovem carrega o peso da sua beleza e sensualidade, prefere o caminho académico da sociologia e vê-se para sempre traumatizada por uma tragédia familiar.
Sorrentino respira, como sempre, cinema por todos os poros, oferece-nos um espetáculo grandioso e assina uma emotiva elegia da vida e da Mulher.
O filme pode ser, por vezes, desequilibrado, cruzando algumas sequências absolutamente fabulosas com momentos menos conseguidos. Mas toda a cena de sedução entre Parthenope e o Bispo de Nápoles, provocadora, política, sexy, é inesquecível e só isso já valeria o preço do bilhete.
Mas há ainda a descoberta da praticamente estreante Celeste Dalla Porta, atriz italiana de 27 anos, que enche o ecrã com a sua presença, a Stefania Sandrelli, que interpreta o papel de Parthenope nas cenas finais, e o viscontiano Gary Oldman.
E uma curiosidade: “Parthenope” foi uma das três obras a concurso no último Festival de Cannes da responsabilidade das Produções Saint Laurent, assinalando uma entrada em força dos herdeiros do império da moda na produção de cinema.