Referência central das artes nos séculos XX e XXI, músico e compositor britânico permanece criativamente ativo.
Corpo do artigo
James Paul McCartney cumpre este sábado 80 anos de vida. Vida essa que, desde a alvorada da década de 1960, é conhecida, partilhada, estimada, admirada, escrutinada por milhões de pessoas e múltiplas gerações.
Onde houver uma cronologia individual da qual a música é inseparável, é altamente provável que haja pelo menos uma canção de Paul McCartney. E a solo, com The Beatles, a bordo dos Wings ou no projeto mais exploratório The Fireman, na pop, na eletrónica ou na clássica, há matéria-prima que se cola a todos os instantes. Na banda sonora de infância ou de adolescência, nos anos de apetites mais vanguardistas ou da comida de conforto da idade adulta. O seu repertório é uma espécie de domínio público em vida.
14950106
Os anos 1950 de McCartney são a antecâmara, as primeiras bandas movidas a skiffle e rock and roll. Depois veio a explosão The Beatles, de Liverpool para o Mundo, quatro músicos que deram saltos quânticos ao longo de 12 álbuns e transportaram com eles os alicerces da música popular ocidental e os corações de milhões de adeptos. Nos 70 partiu em viagens multifacetadas, dos prazeres domésticos a arrojos sónicos, em nome próprio mas sobretudo com os Wings, a banda que partilhou com a mulher, Linda McCartney. Sem intervalos no sucesso, a sua década de 1980 registou os primeiros salpicos de nostalgia. Uma dinâmica que se prolongaria pelos 90, entre discos pop a solo e o vasto projeto "Anthology" de The Beatles, todavia também tingida com as incursões eletrónicas de The Fireman (McCartney com o produtor e músico Youth) e três obras de composições eruditas para orquestra. O surto de energia e criatividade com que entrou no novo século mantém-se até estes dias, com cinco álbuns editados nos últimos dez anos.
Desde a chegada da pandemia, Paul McCartney completou um brilhante álbum onde desempenha todos os papéis, "McCartney III" - a que se seguiu "McCartney III revisited", com o alinhamento original a ser intervencionado, de formas mais ou menos radicais, por um elenco heterodoxo que inclui St. Vincent, Phoebe Bridgers, Damon Albarn, Blood Orange, Anderson.Paak, Khruangbin. Transformou uma conversa com o produtor Rick Rubin num documentário, "McCartney 3, 2, 1". E viu chegar mais um documentário em redor de The Beatles, o minucioso "Get back", dirigido e produzido por Peter Jackson.
Este verão, o agora octogenário Paul McCartney regressa ao festival de Glastonbury (por lá passou em 2004) para uma atuação no Pyramid Stage, sábado 25. A 5 de agosto é publicada uma caixa, em edição limitada e com promessas de luxos vários, reunindo os três álbuns "McCartney": de 1970, 1980 e 2020. Os 80, para Paul McCartney, parecem ser apenas um número.