Novo equipamento cultural do Porto vai dar apoio logístico e financeiro à comunidade artística.
Corpo do artigo
Paulo Cunha e Silva, vereador-relâmpago da Cultura da Câmara Municipal do Porto (2013-2015), ganhou na quarta-feira um Campus com o seu nome e a sua filosofia - a do encorajamento ao cruzamento criativo sem fronteiras -, e os artistas de artes performativas receberam um espaço inédito onde podem residir, criar, ensaiar, remontar trabalhos, pesquisar e explorar a experimentação. Podem quase tudo menos apresentar ali espetáculos.
O Campus Paulo Cunha e Silva - 900 metros quadrados, distribuídos por dois pisos, com quatro estúdios, sala de produção, armazém técnico, biblioteca de artes performativas, cozinha, sala de estar, dois quartos, jardim e dois pátios traseiros - é um espaço "preferencialmente para quem trabalha a partir da cidade, mas também para outros artistas do país e de outros pontos do globo que no Porto encontram território propício à criação artística", sintetizou o presidente da Câmara Rui Moreira, na apresentação pública do equipamento, "entusiasmado" e consciente de que este novo centro de residências artísticas "vem colmatar a escassez de espaços desta natureza".
Era, aliás, há muitos anos, uma das principais reclamações da comunidade artística da cidade, devidamente consultada antes de iniciado o desenho deste projeto.
Agora, afirmou Tiago Guedes, diretor artístico do departamento de artes performativas da Ágora e do Teatro Municipal do Porto, "queremos que os artistas usem o espaço como se fosse a sua casa". A ideia, vincou, é que o novo centro funcione como "incubadora de projetos", afirmando-se como "um lugar de intercâmbio e interação".
A cedência de espaço do Campus para ensaios de criadores locais - disponível 24 horas por dia, para períodos entre quatro e 240 horas - é gratuita e não sujeita a seleção ou a curadoria, apenas à disponibilidade das instalações. No caso das residências artísticas, cuja seleção privilegiará o Norte, os artistas não só não terão de pagar, como terão um apoio semanal no valor de 500 euros. As candidaturas abriram quarta-feira no site campuspcs.pt. As residências têm início no dia 4 de outubro. O orçamento alocado a esta primeira temporada é de 90 mil euros.
Tributo
O Campus Paulo Cunha e Silva nasce, ao fim de dois anos de obra e um milhão de euros de investimento, na antiga Escola Básica José Gomes Ferreira, no n.º 144 da Travessa dos Campos, na confluência entre a Praça do Marques e a Rua Faria Guimarães, no centro da cidade.
Muitos recordarão o edifício por ali ter funcionado, entre 1976 e 2013, a EB1. Outros recordá-lo-ão pela cedência, entre 2015 e 2018, à Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo (ESMAE). Mas para Rui Moreira, que assumiu também o pelouro da Cultura em 2015, o destino daquele edifício, "epicentro da vida" daquele bairro, teria sempre de "cruzar a arte a cultura". Da mesma forma, afirmou, não poderia ser batizado com outro nome que não o de Paulo Cunha e Silva, que ontem completaria 59 anos.
E explicou porquê. "Pela sua missão e pela forma colaborativa como foi pensado e desenhado, num processo indissociável e intimamente ligado à visão de Paulo Cunha e Silva: pela sua enorme disponibilidade e pelo seu genuíno interesse em ouvir e sentir o pulsar do tecido artístico da cidade, pela sua capacidade ímpar para encontrar respostas e soluções, pela sua vontade inesgotável de querer saber e fazer sempre mais e melhor em prol da cultura, dos artistas e do Porto."