Pedro Abrunhosa regressou, esta quarta-feira, à terra onde escreveu os seus primeiros discos para abraçar o evento que a projetou internacionalmente: a Bienal de Vila Nova de Cerveira.
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O músico integrará, a partir de agora, o Conselho Diretivo da Fundação Bienal de de Arte de Cerveira (FBAC), e prometeu que procurará contribuir para projetar (ainda mais), a nível nacional e internacional, o evento que já se realiza desde 1978.
"Tentarei modestamente contribuir. Sinceramente fiquei surpreendido com o convite porque não sei de que forma é que posso ajudar. A minha área não é a arte contemporânea. Sou um visitante, um turista da arte arte contemporânea, mas estarei ao dispor para, como dizem os irresponsáveis, dar o meu melhor", declarou, referindo que a sua função na Fundação é "colegial, meramente simbólica".
Num discurso em que enalteceu o fomento da arte e da cultura como fatores de impacto económico e social, Abrunhosa sublinhou o papel determinante que a Bienal de Cerveira teve no desenvolvimento e divulgação além-fronteiras daquela pequena localidade minhota.
"Cerveira é muito relevante do ponto de vista cultural com a Bienal. A Bienal abriu portas a Cerveira. Pôs Cerveira no mundo", disse, considerando que "grande parte dos eventos culturais de muita relevância, nunca são nas grandes cidades".
"Um exemplo extremo, é Festival de Cannes, mas há outros, como o Festival de Jazz Sous les pommiers (Coutances, Manche en Normandie). Há grandes movimentações artísticas que colocam o interior, populações limítrofes dos grandes centros ou que estão mais longe, no centro do panorama político, e nesse aspeto, Cerveira conseguiu fazer", continuou, sublinhando: "Não venho aqui acrescentar mais nada ao que já existe. A Bienal é uma marca de muita projeção e qualidade no mundo".
Em declarações aos jornalistas à margem da sessão da sua apresentação como novo membro da FBAC, recordou as suas antigas ligações pessoais e profissionais a Cerveira.
Por um lado, que foi quem abriu a discoteca Industria, que funcionou nas imediações daquela vila nos anos 80 e 90, e, por outro lado, que foi ali que iniciou a sua produção discográfica ao lado de artistas, com nome também ligado à Bienal.
"Era muito amigo do José Rodrigues (escultor). Passei aqui meses inteiros e escrevi aqui muitas canções na casa dele (Convento de San Payo). O José Rodrigues disponibilizava-me o espaço, o silêncio, a capela, o quarto e a cama, e, portanto, escrevi aqui bastantes músicas do meu primeiro disco, Viagens, e do segundo, o Tempo", lembrou, concluindo: "O Viagens, grande parte dele, foi pensado aqui e escrito aqui".
A Bienal de Arte de Cerveira regressa este ano de 16 de julho a 31 de dezembro, com o tema "We must take action!". Abrunhosa foi escolhido para se juntar à ação.
"Tinha a sensação que a Bienal tinha perdido força e fulgor na área da cultura das artes e entendi que para dar um passo para a frente, deveríamos ter alguém que nos possa ajudar a dar uma imagem de maior projeção e dimensão, além de portas", afirmou o Presidente da Câmara de Vila Nova de Cerveira, Rui Teixeira, de quem partiu o convite ao artista.
A receção a Pedro Abrunhosa na "vila das artes" coincidiu com o Dia Internacional dos Museus (criado em 1977 pelo ICOM - Conselho Internacional de Museus) cujo tema este ano é "O Poder dos Museus".