Sala de espetáculos do Porto celebra 30 anos de carreira do artista que em 1995 se algemou em protesto às grades do edifício.
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“O Coliseu do Porto presta a sua homenagem a Pedro Abrunhosa no 30.0 aniversário de ‘Viagens’, em reconhecimento pela sua extraordinária carreira e contribuição para a história desta sala”. Esta é a frase que consta na placa comemorativa de tributo ao cantor portuense, que ontem foi descerrada na parede do Foyer do Coliseu. É a quinta placa com nome de um artista e junta-se agora à dos 30 anos de carreira de Rui Veloso e dos GNR.
Abrunhosa esgotou dezenas de vezes o Coliseu, contribuindo para vários marcantes momentos dos longos 82 anos de história da sala de espetáculos. Mas há um, em 1995, que se destaca: perante a ameaça da venda do Coliseu a um culto religioso, o artista juntou-se à manifestação, que congregava milhares de pessoas a cantar em uníssono “o Coliseu é nosso!”, e protagonizou um momento inesquecível – algemou-se às grades do edifício. O alcance espetacular da reivindicação resultou na reversão da venda e na formação da Associação Amigos do Coliseu do Porto.
A homenagem assinala os 30 anos do lançamento de “Viagens”, primeiro e seminal álbum de Abrunhosa, mas também celebra o artista que se tornou “um símbolo do poder popular no Coliseu”, como definiu Miguel Guedes, diretor artístico do Coliseu do Porto. Abrunhosa, agradecido, explicou que “como na altura não havia redes sociais, a forma de mobilizar as pessoas para uma causa era através das figuras com um pouco mais de relevância mediática”. Após os agradecimentos de Miguel Guedes ao artista, foram ainda lidas mensagens de Dalila Rodrigues, ministra da cultura, Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto, e Eduardo Vítor Rodrigues, presidente do Conselho Metropolitano do Porto, que, sem conseguirem estar presentes, não deixaram de manifestar o seu reconhecimento.
Miguel Guedes sublinhou que esta homenagem “foi uma forma de colocar no património imaterial algo que o Pedro tem entregue à cultura portuguesa”. A cerimónia terminou com uma performance ao piano em que Abrunhosa tocou dois êxitos: “É preciso ter calma” e “Que o amor te salve nesta noite escura”.