Associação promove hoje viagem de conhecimento e estudo ao património esquecido de Cinfães.
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É um rio com pouco mais de 13 quilómetros e faz parte da Rede Natura 2000. Desde a nascente, na serra de Montemuro, até dasaguar no Douro imortalizado por Forrester, o Bestança atravessa um extenso vale, cenário de um filme imaginado com moinhos, campos feitos em socalcos. Por lá, existem lontras, ginetes, raposas, javalis. Em noites de luar, o fundo do prado à beira-rio ganha outra luminosidade e colorido. O fantasma da polémica construção das mini-hídricas ainda não desapareceu totalmente e, por isso, a Associação para a Defesa do Vale do Bestança promove, todos os anos, uma descida pedestre pelo rio. Por entre rochedos e quedas de água ladeadas de extensa floresta, uma centena de caminhantes inicia hoje, de manhã, uma viagem feita de prazeres, curiosidades, descobertas .
"A defesa do património natural e construído deve exigir de todos atenção e respeito. O vale do Bestança é único. Como ninguém defende aquilo que não conhece, decidimos promover um conjunto de actividades tendentes a preservar este espaço feito de memórias", recordou, Jorge Ventura, advogado e presidente da Associação a festejar 16 anos de actividades ligadas ao Ambiente e preservação da Natureza. A edição deste ano do Bestança tem várias etapas. Após a concentração em Valverde, os participantes seguem em direcção de Vila de Muros, onde visitam as renovadas instalações da Associação. Depois, rumam pelas fragas do Gamão e sobem o rio a pé até à ponte de Covelas, considerada o "ex-libris" do Bestança. O almoço será no Poço das Dornas e a chegada ao Prado está prevista para o meio da tarde, onde toda a gente envolvida na descida irá descansar até à hora de jantar.
Para muitos dos participantes, regressar ao Bestança constitui uma "espécie de bálsamo" e desejos de manutenção do seu vasto património. "O Bestança não é um destino de turistas apressados, antes, para amigos do Ambiente. A geologia do rio dá-nos uma aula de Ciência e Biologia", considerou José Sampaio, presidente da Assembleia Geral da Associação de Defesa do vale do Bestança.
Quem percorre conhece o rio e as aldeias com alminhas juntas ao casario é o juiz-conselheiro do STJ, Fernando Vasconcelos, vice-presidente do Bestança. "O cenário do Bestança é fantástico, deslumbrante, mas todo o vale exige respeito e protecção", disse.
Em Cinfães, um concelho encravado entre o interior e o litoral, o vale de um rio de águas transparentes também pode ajudar ao conhecimento turístico do concelho, suas gentes, gastronomia e artesanato. Já só é preciso dar as mãos e partilhar a promoção da região.
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