Ao cabo de seis anos sem editar, escritor angolano retorna ao romance com o novo livro "Tudo-está-ligado".
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Amores cruzados, evocações do passado e do presente ou manifestações em série da inesgotável sabedoria popular, (quase) tudo cabe no primeiro romance que Pepetela publica desde 2018. À mordacidade dominante no anterior “Sua excelência, de corpo presente”, sucede um tom mais sereno, amiúde atravessado por um certo ceticismo, pouco esperado em quem já se definiu como “um otimista quase doentio”.
Afinal, como escreve em “Tudo-está-ligado”, será que “o avanço do tempo, o chamado progresso, muitas vezes apenas significa aumento dos perigos e dos medos?”. No registo pausado que o caracteriza, o autor do mês na Livraria Lello não admite ter cedido às agruras, mas sublinha que “a realidade que tenho vivido é que talvez me tenha tirado o otimismo inicial”, diz ao JN.