Som do Algodão estreia, no sábado, a peça "Há vento", no Lugar da Pamilha Dentada, no Porto.
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Som do Algodão é um caso absolutamente singular no panorama das artes performativas em Portugal. Dupla dedicada ao público familiar, artesãs de palco e das pequenas maravilhas do Mundo, conseguem pegar em qualquer temática e ampliá-la em cascatas de deslumbramento. No novo espetáculo contam com linguagem gestual. Na trilogia iniciada com “Cumulus”, segue-se agora “Há vento”, uma ideia que parte das nuvens de Goethe e também de poemas de Manuel António Pina. Palavras que vivem nas nuvens, voltam à terra sobre a forma de chuva e criam pessoas.
Estas contam com o vento, que espalha sementes e vida, um “sistema circulatório da Natureza”. A estas ideias juntaram-se os livros “Migrando” e “Migrantes” e desta fusão nasceram as pessoas com “os pés no chão e vento no coração”. Entre elas Maria Ventolinha, que gostava de dançar na lufada e quando dançava sentia que voava. A menina apaixonada pelo vento era seguida por uma multidão de pessoas que arrastam os pés pelo chão. Além das engenhosas histórias, a fisicalidade e a expressividade da dupla são hipnotizantes.
Não só para os públicos infantis, com mais aptidão para o maravilhamento, como para os adultos necessitados de doses de magia quotidianas. A música original, composta e interpretada por Dulce Moreira, maga dos vermes auditivos, tem um papel fundamental e é capaz de mostrar que até os finais infelizes podem ter um embrulho bonito, como a personagem do papagaio de papel trocado por um potente motor de propulsão. Além de toda a magia cénica, há uma vertente interativa e de ciência latente, como a criação de um “crankie”, dispositivo para projetar histórias, que as famílias podem levar para casa e recordar. Assim como um cata-vento, a candura artesanal é insuperável.