<p>Uma compra ocasional paga com um cartão de crédito premiou-me com umas férias em Fortaleza, Brasil, em meados de 2003. A travessia demorou algo mais do que seria normal, mas a rota implicava uma escala em São Paulo. Logo ali, em duas horas de espera, senti porque é que é preciso estar alerta quando se pousa no território. </p>
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O Aeroporto de Guarulhos é confuso e exigia sentidos despertos e mão na carteira, até porque tinha sido previamente avisada. E a aventura ainda estava no início... Duas horas depois do embarque, a bordo de um voo doméstico, aterrámos no Aeroporto Internacional Pinto Martins, já em Fortaleza. Destino turístico, embrulhado em muitas cautelas. Não apanhar táxis que não fossem acreditados pelos hotéis, nem "onibus" e não transportar carteiras volumosas ou máquinas fotográficas, nos passeios nocturnos pela cidade, figuravam entre os pontos a reter.
O hotel de cinco estrelas ficava na praia do Futuro e, logo, veio à memória o bárbaro assassínio dos seis empresários portugueses que ali tinham ido para passar férias, como eu. Acabaram mortos e enterrados num bar de praia, a a mando de um compatriota, Luís Miguel Militão. Tentei deitar o episódio para trás das costas e desfrutar de uns dias de descanso ao sol, até porque a Praia do Futuro tem oito quilómetros e o fatídico local ficaria fora da nossa rota.
Pensava eu, mas não o taxista que, logo na segunda noite, nos transportou até ao centro de Fortaleza. Ao aperceber-se da nossa nacionalidade, o nordestino fez questão de desviar a trajectória para, inoportunamente, nos apontar para umas barracas. "Foi ali que enterraram os outros, os empresários lá de Portugal... Ainda dizem que o Brasil é um país perigoso, mas foi um português que os matou", ironizou o homem, enquanto continuava a marcha, até porque "há sítios onde não se pode parar".
Ainda na Praia do Futuro, ouvimos falar de outros portugueses. "Figo, Rui Costa", eram os ídolos do miúdo que nos vinha trazer os côcos ao areal. Ainda Cristiano Ronaldo era um menino e a sua fama ainda não tinha atravessado o Altãntico. Mário Jardel também é dali e o guia de uma das excursões fez questão de nos mostrar a vivenda amarela daquele que, por cá, já voou sobre os centrais.