Pluto e Blind Zero fecharam com estrépito a primeira noite do Rock à Moda do Porto
A segunda metade da primeira noite do Rock à Moda do Porto arrancou com um novo tema de Pluto, a banda de Manel Cruz e Peixe (fundadores de Ornatos Violeta), além de Ruca e Eduardo Silva.
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“Túnel” abriu caminho para a revisão do único álbum do grupo, “Bom dia”, de 2004, a que se juntaram mais duas canções inéditas: “Quadrado” e “A minha vez de construir”, que fala sobre as lições do passado na construção do futuro, explicou o vocalista. Horas antes, Manel Cruz disse ao JN que os Pluto irão continuar a lançar temas individualmente até haver material para um novo disco. “Nunca interrompemos a atividade verdadeiramente. Vamos compondo.”
Número com mais músculo que Ornatos Violeta, e também com mais blues e escuridão, revelou sobretudo a cumplicidade entre os músicos e a desenvoltura da sua arte. São muitos anos e projetos para Manel Cruz e Peixe, que se apresentam como equipa afinada, que “joga de olhos fechados”. O que necessariamente passa para um público também familiarizado com os seus trajetos e que reconhece o alto nível da exibição. O momento mais pesado e dramático da noite foi trazido pelos Blind Zero, que celebram 30 anos de atividade. Precursora do grunge em Portugal, a banda de Miguel Guedes fez um ‘tour d’horizon’ pela discografia iniciada, em 1995, pelo EP “Recognize”, cuja canção homónima, explicou o vocalista, começou a brotar perto do local onde atuavam, os jardins do Palácio de Cristal.
Foi na transição entre esse tema, onde ecoa ainda o registo à Eddie Vedder e a pulsão mais desenfreada do grupo, e o ambiente denso e problemático de “Running back to you”, extraído do recente “Courage and doom”, que se tornou mais nítida a evolução da música dos Blind Zero. A viagem percorreu ainda discos como “Often trees” (2017), “Luna park” (2010) ou “The night before and a new day” (2005), serpenteando entre toadas mais abrasivas e baladas de recolhimento.