Até domingo, é ainda possível ver a nova criação do Centro Dramático de Viana, da autoria do veterano Fernando Gomes.
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A resposta chega no fim, momentos antes do cair do pano. Os próprios personagens durante o espetáculo se interrogam: por que é que uma peça de teatro se chama “Chaimite”?
A nova produção da companhia de Teatro do Noroeste- Centro Dramático de Viana (CDV), que está em cena até este domingo 13 de abril, no Teatro Municipal Sá de Miranda, em Viana, intitula-se "Chaimite, um possível musical”, o que adensa ainda mais o mistério sobre o que o público pode esperar. E assistir aos 120 minutos de “um carrossel” de géneros teatrais (e musicais), é a única forma de a decifrar.
Uma pista: é uma história de amor em tempo de guerra. Francisco Penetra e Maria da Luz são um casal apaixonado, natural de Santa Leocádia, fascinado por cinema. Sonham um futuro juntos, enquanto cumpre o serviço militar e ela faz o enxoval. Mas Francisco é chamado para a guerra na Guiné.Há lágrimas, mas desengane-se quem pensa que o se passa em palco é drama.
“Chaimite” é (quase) uma festa permanente. Uma comédia, que “cheira” a teatro de revista, com música original de Artur Guimarães e direção coral de José Paulo Ribeira.
O ator Fernando Gomes, de 81 anos, autor do texto, encenador e também protagonista da peça, faz em alguns momentos, a audiência rir a bandeiras despregadas, praticamente sozinho.
O elenco é composto pelos atores Adriel Filipe, Alexandre Calçada, Augusto Canário, Elisabete Pinto, Fernando Gomes, Marta Bonito, Rafaela Sá, Ricardo Ferreira, Ricardo Simões, Sofia Bernardo e Tiago Fernandes. E tem como convidado o artista Augusto Canário, que, quando canta ao desafio e toca concertina, o público aplaude com entusiasmo. Todos cantam.
E, por vezes, estão todos juntos no tablado, a contar duas histórias, que se embrulham uma na outra. Uma é de Francisco Penetra , que perdeu a memória na guerra e tenta recuperá-la com a ajuda de um encenador que conta a sua história em África através de teatro com base num diário deixado pela mulher Maria da Luz. E a segunda é a dos ensaios e bastidores da dita peça dentro do próprio espetáculo teatral, a que quiseram dar o nome “Chaimite”, mas nem os atores sabem porque é que se chama assim.
Só no fim, quando o elenco já está todo em palco e se prepara para se despedir do público, é que se descobre.