Palmilha Dentada estreia esta quinta-feira, no teatro municipal Rivoli, "Os observadores de pássaros", um espetáculo sem palavras.
Corpo do artigo
A história decorre numa lixeira, uma imponente cenografia que é mote para um encontro de quatro personagens. Ainda que feita sem palavras é recheada de sentidos, de leituras e pormenores. No espetáculo do que falámos é sobretudo de esperança "como acordámos todos os dias com o peito inflamado de esperanças, as coisas vão-se degradando de tal forma que vamos constantemente baixando a fasquia", descreveu o encenador Ricardo Alves.
Há quem espere correspondência em sítios inusitado, há quem se sinta filantropo ao ajudar necessitados, há quem se sirva de uma bengala para se guiar e ser guiado e há quem espere ver o pássaro e encontre outras visões.
Ainda que o subtexto pareça de desalento, há muito humor, como em todos os trabalhos da Palmilha Dentada. Depois de 17 produções com textos originais, neste trabalho a palavra sobra.
"Os observadores de pássaros" estará em cena no Teatro Municipal Rivoli, entre esta quinta-feira e domingo e depois segue para o Armazém 22, em Vila Nova de Gaia, onde vai estar entre os dias 1 e 18 de outubro.
Para o encenador Ricardo Alves neste momento fazem falta, no Porto "salas com uma dimensão média com 100 a 150 espetadores, onde as companhias possam estar três a quatro semanas", detalhou. A companhia foi residente durante um ano no Teatro Helena Sá e Costa, mas "não funcionou porque éramos duas estruturas débeis", explicou. Em Portugal "é impossível viver só da bilheteira, pelo menos uma das estruturas tem de ser financiada, ou os custos acabam por ser muito pesados".
Até ao fim do ano, a Palmilha Dentada tem a sua sede, junto com outras 15 companhias, na Fábrica Social, edifício do Instituto Politécnico do Porto, na Rua da Alegria. No final deste ano saem de lá para serem alojados numa escola primária cedida pela Câmara Municipal do Porto.