Com o objetivo de redefinir o conceito de tempo e de design, a Porto Design Biennale apresentou, na quinta-feira, a sua 4.ª edição, que acontecerá em outubro e dezembro, em diferentes espaços do Porto e Matosinhos. Pela primeira vez, a equipa de curadoria é totalmente feminina.
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A 4.ª edição da bienal de design portuense quer ir além da ideia de “festival” como lugar efémero, começa por explicar Angela Rui, curadora geral do certame, em conversa com o JN. “Queríamos inovar no impacte que temos na comunidade e no território.” E no tempo que ele dura. A Porto Design Biennale está focada, além da exposição geral, em projetos de longa-duração, de proximidade e de comunidade – de forma a que o legado da bienal não se extinga nos dois meses expositivos.
“Esta edição acontecerá, também, fora do museu.” E a sua preparação já começou há largos meses, destaca a curadora italiana. “Selecionámos projetos de associações e parceiros locais, alguns projetos que já existiam e outros pensados para este efeito, que têm como objetivo refletir e atuar sobre o espaço comum.”
Serão intervenções em espaços públicos ou comunitários, que contarão com diferentes atividades e projetos que irão permanecer na comunidade para lá do tempo da bienal. Angela Rui define o espaço comum não apenas como um espaço físico – uma vez que alguns dos referidos projetos terão estruturas materiais – mas também como não-físico.
Tempo como um luxo
Em particular, “como ocupamos o tempo como um espaço de todos”. “Queremos instigar a discussão sobre como o tempo se tornou algo subjugado à produção capital e ao ritmo acelerado e pressionado da nossa sociedade". "O tempo é presente. Inventar o comum” é o mote da 4.ª edição da Porto Design Biennale, que se pode resumir nos dois eixos apontados: o tempo e espaço físicos e imateriais.
Além dos diversos projetos voltados para as comunidades locais, sobretudo oferecendo espaços para a fruição do tempo como um momento de “luxo e prazer”, descreve Angela Rui, haverá ainda a exposição geral na Casa do Design, em Matosinhos. A chamada de trabalhos para a mostra já está aberta.
Ao lado da curadora geral está a também italiana Matilde Losi, como curadora assistente, e as curadoras do local, do programa público e editorial Eleonora Fedi, Nina Paim e Andreia Faria, respetivamente. Para Angela Rui, a equipa totalmente feminina foi “algo natural, sem alguma intenção de tal”, o que, por si só, é reflexo da evolução.
“As mulheres, historicamente, estiveram associadas a tarefas que exigem tempo e dedicação, como cuidar da casa ou dos outros, e que não são de produção de nada material.” Por consequência, explica, o tempo das mulheres sempre foi visto como não sendo produtivo, útil ou valorizável – ideia sobre a qual esta bienal quer refletir.