Festival alarga recinto do Parque da Cidade do Porto para mais cinco hectares e espera até 40 mil pessoas por dia. Cartaz tem este ano 76 artistas e é o maior de sempre.
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"O modelo do Primavera Sound atingiu o seu limite em 2022. Com a expansão que fizemos agora, será possível perspetivar o festival para os próximos dez anos".
A garantia é de José Barreiros, diretor do Primavera Sound Porto, que se realiza de 7 a 10 de junho, no Parque da Cidade. E a expansão traduz-se em mais cinco hectares adicionados ao recinto, o que permitirá acolher entre 35 a 40 mil pessoas por dia.
"Mesmo que os bilhetes não esgotem, iremos bater todos os recordes de público", afiança o responsável.
Com cerca de 85 por cento dos ingressos vendidos até ao momento, regista-se uma maior procura de passes diários - "o festival passou de três para quatro dias, o que talvez seja cansativo para alguns, que assim selecionam apenas um ou dois dias", explica Barreiros - e o público encontrará, não só um recinto maior, mas também uma diferente configuração do espaço.
A clareira desaparece
É um Primavera puxado para o mar, que se alarga para a área adquirida pelo parque na sua última fase de construção, e que reduzirá a pegada ecológica no seu miolo. O palco principal dominará um terreno de 125 metros de comprimento por 80 de largura, e terá como pano de fundo a rotunda da Anémona, o terminal de cruzeiros do Porto de Leixões e o Atlântico. "Será provavelmente o maior espaço para um palco que existe em Portugal", diz o diretor.
Outra mudança importante é o deslocamento do palco Binance, mais conhecido como "a clareira", antigo palco ATP, onde habitualmente surgem as bandas mais experimentais e arrojadas, para uma zona também próxima da frente marítima. O objetivo é "reduzir a passagem por caminhos pelo meio da vegetação", diz Barreiros. O palco Cupra muda de nome para Vodafone e passa a ocupar o anterior espaço do palco principal, libertando área para a zona de restauração, que cresce 1/4 relativamente a 2022. No mesmo lugar ficará apenas o palco Super Bock e o Bits, o único coberto, vocacionado para a eletrónica.
Questionado sobre o número de WC, cuja escassez, nos últimos anos, tem gerado filas descomunais e motivado críticas, o responsável fala também de incrementos. "Serão mais 60% do que em 2022 - de nove WC por 1000 pessoas, passa a haver 14. E são equipamentos autossustentáveis, que consomem muito menos água", diz Barreiros. A política de transportes públicos foi também revista, com reforço das linhas de autocarro durante os dias do festival.
Destaques do cartaz
Sobre o cartaz, que este ano é o maior de sempre e apresenta 76 artistas distribuídos por quatro dias, o diretor diz não haver qualquer "conceito especial", mas mantém-se, afirma, a herança do "novo normal" de 2018, em que houve paridade rigorosa de artistas masculinos e femininos.
Barreiros destaca três categorias de concertos. Os que são protagonizados por nomes garrafais, como Kendrick Lamar e Rosalía, "claramente os que têm suscitado maior procura", diz o diretor, mas também New Order ou Pet Shop Boys.
Há a categoria dos regressos, e o diretor cita os Blur de Damon Albarn, que esgotaram datas em Wembley, e ainda My Morning Jacket, rock psicadélico do Kentucky, a pop teatral californiana dos Sparks, ou o punk dos Bad Religion. Finalmente, o diretor chama a atenção para as novidades: o trap britânico de Central Cee, a neo soul de Nx Worries, o rap dominicano de Tokischa ou a eletrónica refinada de Darkside, duo de Nicolás Jaar e Dave Harrington.
Os bilhetes custam 70 euros (1 dia) ou 170 euros (4 dias), mais taxas.