Primeiro dia conta com Olivia Rodrigo no palco principal, mas a festa tem sete palcos e começou cedo em muitos deles. Mark Ambor, Artemas e Benson Boone lançaram a maratona, enchendo o recinto de êxitos cantáveis e boas surpresas.
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Pouco passa das 18 horas do primeiro dia do Nos Alive’25 e Mark Ambor está em palco, a apresentar o disco de estreia, “Rockwood”, perante uma multidão já muito composta para a hora, e ainda crescente. Com 26 anos, o cantor “de uma pequena cidade do estado de Nova Iorque”, como referiu, está a firmar o seu sucesso, muito catapultado por um single de êxito, "Belong together", que, como seria de esperar chegou no fim ao concerto de estreia em Portugal, entoado pelo público num momento de conhecimento e emoção por parte de uns; para outros, de aparente surpresa por “aquela canção” ser dele.
Mas o concerto não se cingiu a um tema; simpático, conversador, com um charme inegável e a omnipresença de um assobio em muitas músicas, Ambor deu uma hora de espetáculo com canções novas, uma cover de “Use somebody” dos Kings of Leon e muitas declarações ao nosso país. “Venho de uma cidade pequena e ver tantas caras bonitas é mais importante do que podem imaginar. Eu sei que hoje não devem ter vindo por mim, mas só peço que se divirtam”, dizia a dado ponto.
O cantor tinha razão: muitos terão ido ao primeiro dia do Alive, esgotado, sobretudo por dois nomes: numa mancha de gente de todas as idades, com muitas crianças e jovens, vestidas com roupa branca ou lilás, há até quem tenha t shirts personalizadas a dizer o nome dos dois artistas cuja combinação pareceu fadada no céu dos cartazes para os mais jovens; Benson Boone e Olivia Rodrigo. No recinto, se dúvidas houvesse, conhecer visitantes foi perceber que vieram por um, outro, ou ambos: no caso da pequena Maria, de seis anos, que mora na linha de Cascais, a ida foi combinada com o pai, João, para ouvir Benson Boone.
Constança e Frederica, gémeas de 12 anos, vieram do Porto: por Benson e por Olívia, uma dupla que consideraram imperdível. Não é a estreia das gémeas e da mãe, Patrícia, em festivais: essa já aconteceu, no Marés Vivas, mas é a primeira vez no Alive, com as expetativas altas pelos concertos dos dois artistas.
De mais longe ainda, vieram Mateus e Iara, de 13 anos; são de Moçambique e foi o concerto de Olivia Rodrigo que os trouxe. Mateus tem consigo um cartaz, a dizer isso mesmo: que fez toda esta viagem para ver ao vivo, pela primeira vez, a sua artista favorita. Ao JN diz que se a cantora reagir ou interagir com ele, quem sabe por causa do cartaz, ficaria “louco de felicidade”.
Benson Boone a surpreender
Sem delongas para os fãs, à hora marcada, 19.30h, entrou então no palco principal do Nos Alive, Benson Boone, um dos artistas mais fortes da nova geração pop, músico de 23 anos de Washington, EUA, que chamou a atenção pela primeira vez em 2021 com seu single de estreia, "Ghost town” – e se tornou num fenómeno à escala global com o álbum de estreia, “Fireworks & rollerblades” e o single “Beautiful things”. Agora, Boone já tem novo disco, “American heart”, com duas semanas de vida, para apresentar.
Durante pouco mais de uma hora, o músico tomou conta do palco como um verdadeiro artista, sendo o balanço final inevitavelmente positivo. Boone é muito menos “demasiado” do que imaginávamos, tendendo por vezes a resvalar para gritos, mas porque tem uma voz potente para mostrar, e um claro entusiasmo para a acompanhar.
O tempo todo, o cantor foi conversador, encantador, humilde – chegou a referir que grande parte do público talvez só conhecesse a letra de “Beautiful things”, aparentemente alheio ao facto de muitos terem ido para o ver.
E sim, dois segundos depois de entrar em palco, já tinha dado um dos seus famosos saltos mortais, e por diversas vezes correu de um lado ao outro, fez falsetes, interagiu, muito. “Sorry I'm here for someone else” deu a entrada, agradecendo logo de seguida a presença de todos. “Obrigado por virem hoje, sou o Benson Boone e é um prazer e uma honra estar aqui; é a minha primeira vez”, explicou ao início, adiantando ter tido uns dias de folga que aproveitou para passear, “e o sítio é lindo e as pessoas também”.
Depois de “Drunk in my mind”, cantada em parte junto ao público, explicou porque não levou para o palco o seu habitual macacão : segundo o cantor, havia um fato preparado mas mostrava pele, e “meia hora” ao sol encoberto de Lisboa transformaram o seu corpo debaixo das jeans e t-shirt “numa lagosta”.
Seguiram-se temas mais antigos e mais novos, “Slow it down” ao piano (tema sobre abrandar que incluiu mais um mortal pelo meio), “Mr electric blue”, faixa de “American heart” dedicada ao pai; "Mystical magical” e um momento de “eeehhhhh-oohhhhh a pedir gritos de resposta ao público, inevitavelmente semelhante aos de Freddy Mercury, resultando num momento de interação e de nova manifestação da capacidade vocal. “Oh, vocês soam bem” dizia no final.
Depois Boone lembrou como quando se perde alguém, tal como quando a avó morreu, há uns anos, é sempre muito difícil, seja de onde quer que se venha, qual a origem da pessoa, o dinheiro, o que for. “E esta canção foi escrita por mim, sobre alguém que eu amei. E quando a escutam, torna-se sobre as vossas experiências, e torna-se vossa, porque toda a gente a dado ponto das suas vidas sente isto” disse, pedindo “um único favor”: que durante o tema em questão, “In the stars”, guardassem os telefones. “Estejam comigo e eu olho para vocês e vocês para mim e se não souberem as letras ajudo, mas vai ser o nosso momento”, disse, tendo então surgido um bonito momento, recinto inteiro a acenar espontaneamente de um lado para o outro os braços – livres de telemóveis.
“Isto foi o mais ‘sem telefones’ que eu alguma vez vi num festival. Significa o mundo para mim, obrigado Portugal”, disse no final, emocionado, com tempo ainda para novos temas e claro, o final apoteótico com “Beautiful things”, vénias e autógrafos ao público, a promessa de ficar para ver os concertos de Noah Kahan e Olivia Rodrigo, as expetativas de quem foi para o ver muito provavelmente cumpridas.
Esta noite há ainda Noah Kahan (21.10h) e Olivia Rodrigo (23.15h) para ver no Palco Nos, bem como Glass Animals, a portuguesa Iolanda, Diogo Clemente, Parov Stelar e o trap-hip-hop latino da argentina
Nathy Peluso (fecha o Heineken, às 02.20h), entre as propostas dos outros palcos.