Jazz que levita e jazz que se espreguiça ao sol. O regresso da morte e o regresso de Tony Soprano. E uma viagem que, francamente, é uma trip.
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A cantora, compositora e multi-instrumentista (sobretudo contrabaixista) americana Esperanza Spalding vem criando canções, a que chama "Formwelas", nas sessões colaborativas e holísticas das oficinas Songwrights Apothecary Lab. A mais recente, "Formwela 5", adiciona um piano minimalista às vozes em uníssono de Spalding e Corey King. Um momento de levitação:
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Pode-se encarar a situação como uma profecia que se autorrealiza. Em 2004, a temporada do Ballet Gulbenkian, que viria a ser a última, arrancava com "O canto do cisne", coreografia de Clara Andermatt que buscava inspiração em "A morte do cisne", composição de Camille Saint-Saens. Dezassete anos depois, Andermatt regressa a este trabalho, a convite da Companhia Nacional de Bailado. Um retorno que conta com várias mãos que haviam moldado a produção de 2004, algumas delas em novas funções. Do elenco original, Barbara Griggi transitou para assistente da coreógrafa. A assistente anterior, Amélia Bentes, é agora consultora artística. A música, essa, permanece sob a responsabilidade de Vítor Rua. Aleksandar Protic cuida dos figurinos e Manuel Abrantes do desenho de luz. A obra que, diz a sinopse, "aborda a morte não como o final do que quer que seja", antes como o "princípio de futuro que ela contém, para reinventar novas regras, novos conceitos", vê-se no Teatro Camões, em Lisboa, entre hoje e dia 4. De 16 a 18 deste mês, passa também pelo Festival de Almada.
Por falar em morte e nos futuros que ela contém: a 1 de outubro chega às salas de cinema americanas e ao HBO Max "The many saints of Newark", em que David Chase acrescenta uma prequela à sua criação "Os Sopranos". A narrativa recua até aos anos 1960 e aos passos iniciáticos de Tony Soprano no mundo dos adultos e do crime organizado. Também há uma passagem de testemunho no elenco, pois o papel de Tony é desempenhado por Michael Gandolfini, filho do protagonista da série televisiva, o malogrado James Gandolfini. Já há trailer:
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"Zola" é, aparentemente, apenas um pouco menos perigoso. O filme nasceu de uma célebre sequência de 148 tweets de A'Ziah "Zola" King que, em 2015, relatava uma viagem alucinada que acabara de realizar com uma outra dançarina exótica, Jessica. A propósito da estreia nos Estados Unidos do filme dirigido por Janicza Bravo, a "Vanity Fair" falou com Zola para pôr uns quantos pontos em outros tantos is.
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A bem da sanidade, termine-se esta Arte do Dia na Costa Oeste, com o jazz-funk sideral e exótico de John Carroll Kirby, estupendo teclista com a Califórnia nas veias que acaba de lançar "Septet", candidato a álbum do ano. Entra-se em "Rainmaker" e já não apetece sair.
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