Começam a ser revelados alguns dos Prémios do Cinema Europeu deste ano
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Fundada em 1989 por Ingmar Bergman e um pequeno grupo de outros realizadores, a Academia Europeia de Cinema, sediada em Berlim e hoje com cerca de 4400 membros, tem como atividade mais visível a entrega dos Prémios do Cinema Europeu, equivalente para o velho continente dos Óscars, entregues pela Academia de Hollywood.
A cerimónia de entrega dos prémios deste ano, na sua 35ª edição e que o JN acompanhará, vai realizar-se a 10 de dezembro próximo em Reiquejavique, a capital da Islândia. Mas se só aí serão conhecidos os principais prémios, como de melhor filme, realizador, ator ou atriz, ainda em processo de votação pelos membros da Academia, alguns outros prémios começam a ser revelados, integrando o que habitualmente se designa como o Mês do Filme Europeu.
É o caso do Prémio Eurimages de Co-Produção, entregue pela Academia em parceria com aquela instituição, ativa desde 1989 e criada como um fundo de apoio cultural do Conselho da Europa. O dispositivo do Eurimages promove a produção independente de filmes, fornecendo apoio financeiro a longas-metragens de ficção, animação e documentários, encorajando a cooperação entre profissionais estabelecidos em diferentes países.
Excecionalmente, o Prémio Eurimages de Co-Produção deste ano foi atribuído não a um, mas a todos os produtores da Ucrânia, "como uma expressão de forte apreço pela crescente qualidade da produção ucraniana nos últimos anos, e como um sinal de apoio contínuo agora que as infraestruturas de apoio à produção na Ucrânia entraram em colapso".
Num comunicado conjunto, a Eurimages e a Academia Europeia de Cinema reafirmam ainda "o seu total apoio aos produtores cinematográficos ucranianos e aos esforços para dar continuidade à indústria cinematográfica nestes tempos difíceis". O prémio será aceite por uma delegação de produtores ucranianos, membros da Academia, na cerimónia de 10 de dezembro.
A qualidade das produções ucranianas reflete-se nos filmes daquele país pré-selecionados para os Prémios do Cinema Europeu no início deste ano, como "Reflection", dirigido por Valentyn Vasyanovych, para a secção de longas-metragens, enquanto "Pamfir", de Dmytro Sukholytkyy-Sobchuk, fora nomeado para o European Discovery - Prémio FIPRESCI.
Além destes títulos, há duas coproduções com a Ucrânia que concorrem aos Prémios de Cinema Europeu: o documentário "A House Made of Splinters" (Dinamarca, Suécia, Finlândia, Ucrânia), realizado por Simon Lereng Wilmont e "107 Mothers" (Eslováquia, República Checa, Ucrânia), filme apoiado pelo Eurimages e realizado por Peter Kerekes, nomeado para o European Discovery - Prémio FIPRESCI.
Entretanto, a Academia revelou também os seus Prémios de Excelência 2022, a serem entregues em Reiquejavique. O prémio de Melhor Fotografia foi entregue a Kate McCullough, pelo seu trabalho em "The Quiet Girl", entrada da Irlanda na corrida para os Óscars, com assinatura de Colm Bairéad.
"Belfast", de Kenneth Branagh, já estreado em Portugal, venceu nas categorias de Direção Artística, para Jim Clay e de Guarda-Roupa, para Charlotte Walter. Produção da Netflix, em nova versão do romance de Erich Maria Remarque, "All Quiet on the Western Front", de Edward Berger, venceu também dois prémios, nas categorias de Maquilhagem e Cabelos, para Heite Merker e de Efeitos Visuais, para Frank Petzold, Viktor Muller e Markus Frank.
O prémio de Melhor Montagem coube a Ozcan Vardar e Eytan Ipeker, por "Burning Days", filme turco de Emin Alper, o de Melhor Som para Simone Paolo Olivera, Paolo Benvenuti, Benni Atria, Marco Saitta, Ansgar Frerich e Florian Holzner pelo italiano "Das Profundezas", de Michelangelo Frammartino, já estreado em Portugal e o de Melhor Banda Sonora Original para Pawel Mykietyn, pelo surpreendente "Eo", do veterano polaco Jerzy Skoliowski.
O prémio de Melhor Filme Europeu, a revelara 10 de dezembro, sairá de um grupo de cinco finalistas, composto por "Alcarrás", filme espanhol vencedor do Urso de Ouro em Berlim, "Close", do belga Lukas Dhont, Grande Prémio em Cannes, "Corsage", da austríaca Marie Kreutzer, que valera a Vicky Krieps um prémio de interpretação na seção "Un Certain Regard" de Cannes, o portentoso "Holy Spider", do iraniano Ali Abbasi, mas filmado na Jordânia, numa coprodução entre Dinamarca, Alemanha, Suécia e França, e a inesperada e incompreensível Palma de Ouro deste ano, "Triângulo da Tristeza", do sueco Ruben Ostlund.