Teatro Nacional D. Maria II apresentou esta sexta-feira a programação para 2025 que inclui diversos espetáculos em cidades e vilas portuguesas.
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Numa parceria com espaços emblemáticos de Lisboa e em estreita ligação com mais de 30 teatros e municípios de todo o país, o Teatro Nacional D. Maria II estende, em 2025, a sua programação regular não só a toda a cidade mas a vários pontos, incluindo cidades e vilas, do território nacional.
No ano em que o histórico edifício da Praça D. Pedro IV, no Rossio, continua encerrado para obras de requalificação (do Plano de Recuperação e Resiliência), o D. Maria II mantém e extravasa a sua atividade cultural: na capital, e não só, há espetáculos, projetos de participação, eventos de pensamento, oficinas, ações de formação e atividades para as escolas, para usufruir em 2025.
A programação do teatro foi revelada esta sexta feira, no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, com Rui Catarino, presidente do Conselho de Administração, Pedro Penim, diretor artístico e representantes de várias entidades presentes.
São dezenas as instituições culturais, câmaras municipais, espaços congéneres, parceiros e artistas que compõem o cartaz agora divulgado – incluindo, na capital, o Coliseu dos Recreios, o Mosteiro dos Jerónimos e os dois espaços parceiros que albergarão o grosso da programação regular: a Sala Estúdio Valentim de Barros, nos Jardins do Bombarda e o recém-inaugurado Teatro Variedades, Parque Mayer.
Estreias e regressos
A 12 de fevereiro, o D. Maria II dará início à sua programação regular no Teatro Variedades, com a estreia em Lisboa, de “A Farsa de Inês Pereira”, de Pedro Penim, a partir de Gil Vicente.
O mesmo espaço acolhe ainda, ao longo do ano, “Reparations Baby!”, nova criação de Marco Mendonça, com produção do D. Maria II que, para além de Lisboa, será também apesentada em Barcelos e Ílhavo. Na programação está também “As mulheres que celebram as Tesmofórias”, criação de Odete a partir de Aristófanes, uma coprodução do D. Maria II, que se estreia no âmbito do projeto STAGES (Sustainable Theatre Alliance for a Green Environmental Shift); “O Nariz de Cleópatra, pois claro!”, direção de Cristina Carvalhal a partir de texto de Augusto Abelaira, uma coprodução com a estrutura Causas Comuns.
Outro dos destaques é “Homens hediondos”, encenação de Patrícia Portela a partir de David Foster Wallace, numa produção do Teatro Nacional São João, que conta com Nuno Cardoso, diretor artístico da instituição portuense.
Nos Jardins do Bombarda, em Lisboa, o D. Maria II ocupará a Sala Estúdio Valentim de Barros a partir de março, para apresentar mais de uma dezena de espetáculos, incluindo o “Auto das anfitriãs”, estreia da nova criação de Inês Vaz e Pedro Baptista, a partir de Luís de Camões e integrado nas comemorações dos 500 anos do nascimento do escritor; “Itinerário: geologia de um regresso a casa”, título provisório da nova criação de Rogério Nuno Costa; e “Rito de transição”, com texto e direção de Ritó Natálio, ambos em estreia absoluta, no âmbito do projeto STAGES.
Por ali passa também a estreia do novo espetáculo do Teatro Praga, “Audição”, no ano em que a companhia celebra 30 anos de existência; “King size”, com direção de Sónia Baptista e “Corre, bebé!”, de Ary Zara e Gaya de Medeiros, vencedores da 7.a edição da Bolsa Amélia Rey Colaço.
O Bombarda recebe ainda “As secretárias”, encenação de Maria Inês Marques do texto de “The five lesbian Brothers”; “As Castro”, criação de Raquel Castro estreada em 2023 e, desde então em digressão nacional; “Luta Armada”, espetáculo da companhia Hotel Europa, estreado em março de 2024 e que, depois de digressão pelo país, regressa à capital; um projeto criado no âmbito do projeto internacional École des Maîtres. Por aqui passarão também a BoCA – Bienal de Artes Contemporâneas, em setembro, e do Alkantara Festival, em novembro.
“Quis saber quem sou”
Já o Coliseu dos Recreios acolhe, entre 24 e 25 de abril de 2025, “Quis saber quem sou”, espetáculo de Pedro Penim que assinala os 51 anos da Revolução dos Cravos e ali encerra a sua tour nacional. Já no Mosteiro dos Jerónimos, a 3 de maio, António Fonseca apresenta a falação integral de “Os Lusíadas”, a propósito dos 500 anos do nascimento de Luís Vaz de Camões.
Além de um regresso à cidade de Lisboa com uma programação anual, o D. Maria II manterá então uma atividade cultural regular em todo o país e, em 2025, apresenta espetáculos em cidades e vilas portuguesas, bem como seis projetos de participação desenvolvidos em Évora, Funchal, Lamego, Loulé, Ponta Delgada e São João da Madeira, no âmbito do programa Atos, iniciativa do D. Maria II e da Fundação Calouste Gulbenkian.
Há ainda diversas atividades para público escolar e infantojuvenil, encontros, conversas, debates, fóruns, ações de formação e o evento de pensamento Cenários, que terá lugar em Braga, a 27 e 28 de novembro.
Também no âmbito da programação desenvolvida em todo o país, o D. Maria II dá continuidade ao projeto da Rede Eunice Ageas, iniciativa do teatro com o Grupo Ageas Portugal e que se centra no alargamento da oferta teatral a geografias mais abrangentes.
Em 2025, a Rede Eunice Ageas leva o espetáculo “Quis saber quem sou” a sete concelhos do país (Águeda, Covilhã, Faro, Guimarães, Penafiel, Vila Real e Viseu), com sessões para público em geral e para escolas.
Teatro a mais geografias
Projeto com objetivos semelhantes é o Próxima Cena, iniciativa do Teatro Nacional D. Maria II e da Fundação ”la Caixa”, em colaboração com o BPI, focada na promoção do acesso à cultura e no desenvolvimento e valorização de públicos, com foco nos territórios de baixa densidade populacional. No âmbito deste projeto, em 2025, “Auto das anfitriãs”, de Inês Vaz e Pedro Baptista, circulará por 12 concelhos de norte a sul do país: Beja, Celorico da Beira, Fafe, Gouveia, Lagoa, Miranda do Corvo, Mirandela, Paredes de Coura, Pombal, Santarém, Sines e Vale de Cambra.
Já o projeto “PANOS – palcos novos palavras novas”, iniciativa onde se lê, faz e apresenta teatro de e para jovens, dos 12 aos 19 anos, abrangendo mais de 50 grupos de teatro escolar e juvenil do país, é materializado no Festival PANOS que, no próximo ano, decorrerá no Convento São Francisco, em Coimbra.
Para os mais novos, “Boca Aberta”, uma iniciativa do D. Maria II e da Fundação ”la Caixa” e BPI, dedica-se a crianças a partir dos três anos e aos profissionais que trabalham com esta faixa etária, integrando espetáculos, encontros dirigidos a agentes da cultura e da educação e um plano formativo para profissionais do ensino. Em 2025, estruturas artísticas de Lagos, Ourém e Ponte de Lima são convocadas a participar na criação de dois novos espetáculos que serão apresentados em todos os concelhos parceiros do projeto: são eles “Cabe mais um?” e “Não se pode! Não se pode!”, ambos com encenação de Catarina Requeijo e textos de Inês Fonseca Santos e Maria João Cruz.
Em 2025, em parceria com a NTT Data, o D. Maria II lança também dois projetos inéditos, que aliam a criação artística e a tecnologia: o primeiro, “Cosmic Sans”, uma obra original do cineasta Jorge Jácome, apresentada em formato digital e que combinará elementos das artes performativas e das media arts. Esta criação de carácter multidisciplinar será lançada em setembro, no formato de instalação, no Teatro Variedades.