Festival organiza durante uma semana projeções de filmes, debates e outras atividades.
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Nasceu em 2022, idealizado e organizado pelo Camões – Centro Cultural Português, de Luanda, em parceria com a Mukixe Produções Audiovisuais e a empresa CriaCom. Tem como principais impulsionadores o realizador português Jorge António, há muitos anos radicado em Angola, e o produtor Henrique Campos.
Iniciando hoje a 4ª edição, que termina no próximo dia 16, o Doc Luanda é já um marco importante na vida cultural angolana e reúne na capital várias personalidades ligadas ao cinema africano e mundial, tendo um papel relevante na dinamização do cinema do país, sobretudo junto de uma camada jovem muito interessada em experimentar as potencialidades de expressão do meio cinematográfico.
Nas palavras dos seus organizadores, o Doc Luanda quer-se um projeto cultural e artístico, com um cariz pedagógico muito vincado, constituindo um espaço para que os jovens cineastas possam exibir os seus documentários, importantes para abordar questões sociais, políticas e culturais.
A quarta edição do Doc Luanda proporciona, como nas edições anteriores, um espaço de encontro e intercâmbio entre profissionais do audiovisual, cineastas, produtores ou distribuidores, estimulando a troca de ideias e a construção de redes dentro da comunidade. Tem tido, ainda, um importante papel na educação e formação de públicos, através da programação paralela, com debates, formações, workshops, que decorre em simultâneo com as secções competitivas, nacionais e internacionais.
O Doc Luanda continua também a ser um espaço de promoção de outras expressões culturais, nas artes visuais com a criação do cartaz por conceituados artistas angolanos e nas artes performativas e na música, com a oferta de vários espetáculos gratuitos.
O cartaz da edição deste ano é da autoria de Binelde Hyrcan, um artista visual multidisciplinar angolano, formado na École Supérieure d’Arts Plastiques do Mónaco, cujo trabalho transita entre a pintura, o desenho, a escultura, o design, os audiovisuais, a performance e a instalação. O seu trabalho já foi apresentado em algumas das mais prestigiadas instituições de arte contemporânea do mundo, incluindo o Hamburger Bahnhof (Berlim), o Centre Pompidou (Paris), o Pavilhão Angolano na 56ª Bienal de Veneza e o The Jewish Museum (Nova Iorque).
O Troféu Sarah Maldoror, pioneira do cinema africano feminino, vai ser atribuído ao norte.americano Billy Woodberry, atualmente a viver em Lisboa. Nascido em Dallas em 1950, Billy Woodberry é um dos fundadores do movimento cinematográfico L.A. Rebellion, também conhecido como Los Angeles School of Black Filmmakers. O seu mais recente documentário, “Mário”, incidia sobre o legado de Mário Pinto de Andrade, fundador do MPLA e pensador e activista pan-africano e que foi casado precisamente com Sarah Maldoror, teve estreia comercial entre nós.
Além da exibição de filmes, o Doc Luanda inclui a exposição Independências nos arquivos: 50 anos de cinema e utopia, com curadoria da investigadora Maria do Carmo
Piçarra, assinalando o cinquentenário das independências africanas nas cinematografias de Angola, Moçambique e Guiné-Bissau A exposição ficará patente ao público, nas instalações do Instituto Camões, até dia 9 de Maio.
O júri nacional do Doc Luanda é constituído por Carnos Ornelas, Irene A’Mosi e Miguel Hurst e o internacional por José Mena Abrantes, Tomás Donela e pela realizadora franco-argelina Latifa Saïd, que organizará ainda um workshop de cinema documental, com a projeção do seu filme “Tahiti”, rodado em Argel, seguido de uma conversa com a cineasta, que estará ainda numa conversa sobre o cinema das mulheres no contexto africano, com a presença da portuguesa Inês Oliveira e da angolana Irene A’Mosi.