Um encontro a três partes, entre o Teatro O Bando, a Companhia Olga Roriz e a Banda Sinfónica Portuguesa apresentam este sábado, às 21 horas, no Coliseu Porto Ageas, "1001 noites-irmã Palestina". A récita única decorre no âmbito do Festival Internacional de Expressão Ibérica.
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Um percurso na obra "As Mil e Uma Noites” é o fio condutor da tetralogia que nos próximos quatro anos ganha vida pela mão de diferentes encenadores do Teatro O Bando, em que cada espetáculo nasce a partir do final do anterior. A cada parte da tetralogia, Doniazade, a irmã de Xerazade será representada por uma atriz de uma cultura diferente, que dá o nome a cada uma das criações teatrais. Desta feita a irmã é a palestiniana Maria Dally.
Nesta tapeçaria de imaginário e sabedoria popular, explorando temas universais como amor, justiça, traição e redenção, João Brites e Olga Roriz criaram o seu Mundo. Não sem algumas fricções pelo caminho: "Somos duas pessoas com métodos de trabalho fortíssimos, que foi preciso filtrar e entrecruzar", contou Olga Roriz sobre o processo.
Segundo a coreógrafa a camada da dança é essencial porque "é a comunicação antes do verbo o que permite dar um outro ponto de vista político, social e mostrar como os maus tratos e abusos são vistos em diferentes sociedades".
"As Mil e Uma Noites", coleção monumental de contos populares originária do Oriente Médio e do Sul da Ásia, compilada durante a Idade de Ouro Islâmica é uma obra literária famosa pela estrutura narrativa complexa e pelos contos intercalados, que são narrados pela icónica Xerazade.
Histórias para salvar a vida
Xerazade, uma jovem astuta, casa-se com o rei Xariar, um monarca que, traído pela primeira esposa, decide casar-se com uma nova mulher a cada dia e executá-la na manhã seguinte, para evitar ser enganado novamente. Fintando esse destino, Xerazade conta ao rei uma história todas as noites, deixando a narrativa inacabada ao amanhecer, criando um suspense que faz com que o rei adie a sua execução para ouvir o desfecho na noite seguinte. O ciclo continua por 1001 noites, ao fim das quais Xariar se apaixona por Xerazade e abandona sua prática cruel.
Entre os contos mais famosos estão "Aladino e a Lâmpada Mágica", "Ali Babá e os Quarenta Ladrões" ou "Simbad, o Marinheiro ". Embora alguns desses contos não façam parte das versões mais antigas do manuscrito original, eles tornaram-se intimamente associados à coletânea nas edições europeias.
Acredita-se que a coleção tenha evoluído a partir de tradições orais e escritos, com influências persas, indianas e árabes. O núcleo original dos contos foi possivelmente reunido na Pérsia e posteriormente expandido com contribuições árabes e outras influências culturais ao longo dos séculos.
Este encontro resulta numa imponente produção, com os músicos a tocarem ao vivo no palco, ganhando uma nova expressão ao abandonarem o Fosso de Orquestra para passarem a ser parte integrante da cena.
A pergunta fica no ar quem te salvará da morte irmã palestina?