Banda britânica teve sucessivas digressões adiadas devido à pandemia da covid-19. Atua, finalmente, esta terça-feira, no Campo Pequeno, em Lisboa. “Ainda fazemos a música que queremos fazer”, diz o baixista Billy Sherwood ao JN.
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Foi no ano em que Portugal pediu pela terceira (e até agora última) vez ajuda externa ao Fundo Monetário Internacional que os YES atuaram mais recentemente em solo português. Em 2011, a banda britânica subiu ao palco do Coliseu dos Recreios. Esta terça-feira à noite, 13 anos depois, regressam ao país e à cidade: desta feita para um concerto no Sagres Campo Pequeno.
O demorado regresso não foi por falta de tentativas. O espetáculo desta noite acontece depois de quatro anos com sucessivos cancelamentos de tournées, primeiro devido à pandemia de covid-19, mais tarde devido a constrangimentos logísticos consequentes da mesma epidemia global.
Com tanta espera, o concerto tinha de ser especial. Ao contrário do que vinha sendo planeado para as anteriores (e não concretizadas) vezes, que apenas celebravam em específico este ou aquele álbum, “The classic tales of Yes”, desta noite, é uma ode a toda a história da banda. E, principalmente, destaca Billy Sherwood em conversa com o JN, uma homenagem a todos os que passaram sob este nome da música rock – acima de tudo àqueles que já morreram.
Homenagem a Chris e Alan
“Queremos mostrar que ainda estamos vivos e que fazemos a música que queremos fazer”. Essa contínua concretização de um sonho quase ingénuo, como lhe chama o baixista, é especial em particular por cumprir um pedido ao qual não podiam falhar: “O Chris (Squire) e o Alan (White) queriam que perpetuássemos os YES e lhes dessemos um empurrão para o futuro. É isso por que lutamos”.
Os músicos referidos, bem como outros numa extensa lista de ex-membros dos YES, morreram em 2015 e 2022, respetivamente, tendo sido convidados para os seus “postos” elementos com ligações anteriores ao grupo. BillySherwood é um desses casos, tendo integrado oficialmente os YES aquando da morte de Chris Squire.
E com tanto entra e saí como se consegue manter a ligação aos fãs? Mantendo a essência, responde Sherwood. “Há uns tempos cruzei-me na rua com o Paul Stanley, guitarrista dos KISS, e de imediato transformei-me num “fanboy”. Fui cumprimentá-lo e apresentar-me e ele respondeu ‘eu sei quem é que tu és, falamos muitas vezes dos YES para referir a forma como as bandas podem e devem mudar sem perder o ADN’".
Essa interação, conta Billy, tem sido a prova que faltava para garantir que estão no caminho certo. E que, apesar de serem muitos os que entram e saem da banda, fazem parte dela apenas aqueles que mantêm a mesma energia de sempre.
O concerto desta terça-feira, parte integrante da tournée pela Europa, incluirá muitos dos temas icónicos do extenso catálogo da banda. A destacar estará a celebração do 50.º aniversário do álbum “Tales from topographic oceans” – ainda que, entretanto, já um outro tenha também atingido esta data redonda (no total, são já sete os trabalhos discográficos da banda com cinco ou mais décadas de vida).
“A principal peça será a do álbum que estamos a comemorar, em que o Steve Howe editou em conjunto os quatro lados desse disco, dando origem a uma compilação de cerca de 20 minutos que será a grande novidade da noite.” Billy Sherwood confessa que “a reação do público aos detalhes a que não estão acostumados” é a sua parte favorita num espetáculo.
Os YES, atualmente compostos por Steve Howe (guitarra, vocais), Geoff Downes (teclados), Jon Davison (vocais e guitarra acústica), Billy Sherwood (baixo, vocais) e o baterista Jay Schellen, sobem a palco pelas 20.30 horas.