Delegação portuguesa fora da competição oficial, mas boas surpresas. Certame tem início hoje à noite.
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Começa esta quinta-feira a 72.º edição da Berlinale, um dos festivais de cinema mais importantes do Mundo. E é uma edição muito especial. Recorde-se que Berlim 2020 foi o último grande evento mundial do cinema a realizar-se dentro da normalidade, com o regresso da capital alemã a verificar-se já a 1 de março, a duas semanas do primeiro confinamento, e que a edição de 2021 realizou-se apenas online, com Cannes e Veneza a assegurarem, meses mais tarde, edições presenciais.
Além de se voltar com prazer à Berlinale, esta edição é especial pelas medidas restritas exigidas aos participantes. Com o Mercado do Filme, que agita sempre a cidade, a realizar-se online, o festival terá uma versão reduzida, terminando já dia 16, com a entrega dos prémios. A presença é restrita a quem provar ter processo de vacinação completo ou de recuperação, os testes antigénio são exigidos diariamente em todas as sessões de Imprensa, é obrigatório o uso de máscaras do tipo FFP2 e a lotação das salas está reduzida a metade.
O que vai ficar são os filmes. A abertura oficial, na noite desta quinta-feira, terá direito a um regresso especial. Não que Isabelle Adjani tenha alguma vez anunciado o abandono do cinema, mas as aparições da lendária atriz, de 66 anos, têm escasseado. Sobretudo em filmes da dimensão de "Peter von Kant", o novo trabalho do francês François Ozon, que aqui homenageia o mestre germânico Rainer Werner Fassbinder, e o clássico "As lágrimas amargas de Petra von Kant".
18 filmes na corrida
Em competição estarão 18 filmes, de onde se destacam as presenças de autores como Claire Denis, Rithy Pahn, Paolo Taviani, Ursula Meier, Ulrich Seidl, Hong Sangsoo e Denis Côté, uma lista auspiciosa a que se juntam, em outras secções ou eventos, os de Dario Argento, Bertrand Bonello, Quentin Dupieux, Peter Strickland, Alain Guiraudie ou Andrew Dominik.
Ausente da competição pelo Urso de Ouro, Portugal tem uma delegação com sete realizadores envolvidos e algumas participações, como a de João Nunes Monteiro no grupo de atores do programa Shooting Stars, a produtora Kintop no projeto colombiano "Yarokamena", no Forum Expanded, ou a curta "Sycorax", uma coprodução do Bando à Parte, na Semana da Crítica, que se desenrola nas mesmas datas do festival. O cinema português poderá ainda ter um terceiro Urso de Ouro, para a curta com "By Flávio", de Pedro Cabeleira, uma divertida fábula sobre a utilização intensiva de redes sociais e de telemóveis pelos jovens.
É no Forum que se destaca a participação nacional, com quatro títulos: "O trio em mi bemol", em que Rita Azevedo Gomes adapta uma peça de Eric Rohmer e traz a atriz Rita Durão; a poderosa docuficção "Mato seco em chamas", que Joana Pimenta fez com Adirley Queirós numa favela de Brasília; o primeiro ensaio de Jorge Jácome em longa-metragem, "Super natural"; e o etnográfico "Terra que marca", de Raul Domingues.
Para os módulos da Generation, dedicado a filmes que destaquem personagens juvenis e adolescentes, ficaram reservados "Águas de Pastaza", que Inês T. Alves filmou entre o Equador e o Peru e a curta "Aos dezasseis", de Carlos Lobo.
Filmes portugueses
"Super natural", de Jorge Jácome (Forum, dia 11)
"By Flávio", de Pedro Cabeleira (competição de curtas, dia 12)
"Águas de Pastaza", de Inês T. Alves (Generation KPlus, dia 13)
"O trio em mi bemol", de Rita Azevedo Gomes (Forum, dia 13)
"Mato seco em chamas", de Adirley Queirós e Joana Pimenta (Forum, dia 14)
"Terra que marca", de Raul Domingues (Forum, dia 14)
"Aos dezasseis", de Carlos Lobo (Generation Kplus shorts, dia 16)