Artista brasileira Alcione atua esta sexta-feira à noite no Coliseu do Porto. No sábado é a vez do Coliseu de Lisboa.
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Alcione, a cantora brasleira de 76 anos cujas canções tanto suscitam dança como a dita "sofrência" brasileira [sentimento de desgosto amoroso], mas também abraçam a intervenção política, continua em tournée dentro e fora do Brasil. A celebrar os seus 50 anos de carreira, a veterana rainha do samba está de regresso a Portugal, para dois concertos: esta sexta-feira apresenta-se ao vivo no Coliseu Porto e no sábado no Coliseu de Lisboa.
Ao território luso, a intérprete trará sucessos e também novas canções como “Marra de feroz”, um alerta contra o machismo e a violência de género. Para românticos crentes no amor, deste e de outro tempo, mais ou menos magoados, mas alegres de coração como Alcione, a diva de voz e personalidade poderosas, cantará temas de sempre, que já rodaram milhões de vezes, como “Meu ébano” e “Estranha loucura”.
Natural do Maranhão, a estrela nordestina conta um longo e sólido percurso e continua a conquistar fãs pelo mundo fora. Gravou 45 álbuns que lhe renderam 26 discos de ouro, sete de platina, três DVD de ouro e um de platina. Já se apresentou nos cinco continentes, em mais de 36 países, e é amplamente reconhecida.
Premiada com Grammy
Foi distinguida com um Grammy Latino na categoria “Melhor álbum de samba”, e com troféus como O Pensador de Marfim, concedido pelo Governo de Angola, e com o Diplome de Médaille D’or, da Sociedade Académica de Artes, Ciências e Letras de Paris. Também foi considerada Personalidade Negra das Artes pelo Conselho Internacional de Mulheres e Voz da América, pela ONU.
A sua vida e obra deram origem à longa-metragem “O samba é primo do jazz”, e também ao espetáculo “Marrom, o musical”, escrito e dirigido por Miguel Falabella.
No último Carnaval no Brasil foi homenageada no desfile da Mangueira, na Sapucaí, Rio de Janeiro. “Mangueirense de coração”, Alcione viu a sua história e espiritualidade representadas no sambódromo e serem fios condutores do tema “A negra voz do amanhã”, que animou a fervilhante avenida à sua passagem.
"Os fãs portugueses também fazem parte de minha história"
O que sente a Alcione ao comemorar 50 anos de carreira?
Chegar a um cinquentenário de carreira e ainda contando com o carinho do público só pode ser um fator de muita satisfação para qualquer artista... No início, tinha apenas o objetivo de viver do meu ofício porque cantar sempre foi a maior paixão, mas era impensável visualizar essa trajetória tão longeva e, graças a Deus, vitoriosa.
Como tem corrido essa tournée até agora?
Não poderíamos estar mais felizes...Cada país, cada cidade por onde passamos tem nos recebido de braços abertos. O público tem sido muito caloroso, extremamente afetuoso conosco.
O que tem preparado para os concertos em Portugal? Já passou por este país outras vezes ao longo de sua carreira?
É um show comemorativo, pelo cinquentenário de carreira e, claro, os grandes hits não poderiam ficar fora desse repertório. São músicas que o público conhece e gosta de cantar junto com a gente. Mas também inserimos novidades no roteiro. Inclusive, o single que acabei de gravar e ganhou versão em clipe, "Marra de Feroz", de Xande de Pilares, Gilson Bernini e Helinho do Salgueiro, música que faz uma crítica ao machismo e fala da violência contra as mulheres. Ah, sim...já fiz turnês pelo país e sempre fui recebida, pelos portugueses, com muito carinho.
Quer deixar uma mensagem ao seu público português?
Estamos felizes e ansiosos para encontrar o público lusitano (e, naturalmente, os brasileiros que residem no país). Vamos fazer uma festa, uma grande celebração... afinal, os fãs portugueses também fazem parte de minha história.