Popularidade de “Adolescência”, nova minissérie da Netflix, continua a crescer: já é a mais vista em Portugal e nos EUA.
Corpo do artigo
É ficção com um banho de realidade. Jamie Miller, um rapaz de 13 anos de uma família britânica comum, vê a porta de casa arrombada pela polícia, que o acusa de ter matado uma colega de turma. É levado para a esquadra e interrogado. Declara-se inocente, mas aos olhos do detetive-chefe, e do próprio espectador, Jamie parece ser mesmo culpado.
Produzida na Grã-Bretanha, “Adolescência” é a série do momento - e está a provocar choque. Dirigida por Philip Barantini e escrita por Jack Thorne e Stephen Graham, estreou na Netflix a 13 de março e é já a mais vista em Portugal, Inglaterra, EUA e muitos outros países.
A popularidade da minissérie de quatro episódios (cerca de 50 minutos cada) estende-se também aos críticos, que a aclamam como uma das melhores do ano. O jornal “The Guardian” dá-lhe cinco estrelas e diz que é “o mais próximo da perfeição televisiva que vimos em décadas”. No site “Rotten Tomatoes” a aprovação é de 98% e no IMDB multiplicam-se comentários como “muito assustador, mas muito importante” e “um murro no estômago a cada episódio”.
E de quem é culpa?
“Adolescência” não tem por base um caso real isolado, mas não é alheia à realidade. Parte de acontecimentos diversos que têm uma coisa em comum: um rapaz age de forma violenta contra uma rapariga. E o motivo parece ser bastante fútil...
O tom frio e cru da narrativa envolve permanentemente o espectador e a história faz sentir as ondas de choque exaladas pelas personagens.
A família, em particular o pai (o ator Stephen Graham), tem um lugar central na trama. Não é atribuída culpa a um familiar violento ou alcoólico e o lar onde cresce o jovem Jamie (o estreante Owen Cooper, num papel tremendo) é bastante tradicional.
Onde reside, então, a explicação para o comportamento do adolescente homicida? Será a internet, e o seu consumo excessivo e desregulado e sem vigilância adulta, a culpada? Ou o bullying que sofre na escola? Poderia a tragédia ser evitada se os pais, a escola e o Governo tomassem medidas para restringir o acesso das crianças e adolescentes aos ecrãs?
A série lança demasiadas perguntas inquietantes - sobretudo para quem é pai - e leva o espectador a pensar sobre o que pode, e deve, ser feito para evitar que a internet tome conta dos mais jovens e lhes distorça o sentido moral, confundindo-os sobre o que é real e o que é só do domínio das redes sociais e construção digital.
Os criadores de “Adolescência”, conscientes do impacto da série, querem levar o debate mais longe - e já propuseram que seja vista e discutida no Parlamento inglês.