A cantora e atriz Simone de Oliveira recordou, este domingo, o comediante Camilo de Oliveira como um homem com um temperamento por vezes "nada fácil", mas muito amado por todos. Vítor de Sousa diz que o ator era garantia de divertimento.
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Simone de Oliveira recorda Camilo de Oliveira como um homem bom, com um temperamento por vezes "nada fácil", recordando que tiveram muitas discussões durante os períodos em que trabalharam juntos., mas que "tudo passou". "Era um homem muito amado por todos, se existe algum lugar lá em cima, espero que esteja num lugar bom", declarou a artista.
O ator Vítor de Sousa afirma que Camilo de Oliveira era "um carimbo de garantia de que as pessoas se iam divertir, rir a bom rir, gargalhar". O ator considerou "triste ver partir um excelente profissional, exigente, com um feitio às vezes um pouquinho difícil, a quem se deve uma vida recheada de trabalho". "[Uma pessoas] a quem devemos uma grande ovação e um grande agradecimento pela dedicação ao teatro e às pessoas que gostavam dele", declarou.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, enviou uma mensagem de condolências à família de Camilo de Oliveira, em que se refere ao ator como uma das figuras essenciais da comédia popular portuguesa, da qual fica "uma grata memória". Em declarações aos jornalistas, Marcelo Rebelo de Sousa referiu sua relação pessoal de amizade com Camilo de Oliveira: "Quis o destino que estivesse com Camilo de Oliveira, já internado, no Hospital de Cascais, há um mês e meio. Esteve internado umas semanas largas, num estado já muito frágil. Estivemos juntos, tirámos fotografias juntos e tudo com o mesmo humor de sempre". O chefe de Estado considerou, ainda, que Camilo "tinha um humor muito doce, um humor muito português".
Numa nota de pesar pela morte do ator, o ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, afirma que Camilo de Oliveira foi "um mestre da comédia portuguesa que contribuiu de forma extraordinária para a vitalidade do teatro de revista em Portugal" e que "foi um hábil crítico dos costumes, retratando com fina ironia a sociedade nas últimas décadas através das várias personagens que criou no teatro e na televisão".
O investigador Luciano Reis considera Camilo de Oliveira um dos maiores decanos da história do teatro e da interpretação em Portugal, que atuou em quase todos os teatros no país e nas ex-colónias. "É um exímio na arte de representar, nomeadamente no campo da farsa, da comédia", disse o académico, acrescentando que o ator foi também "um bom construtor de textos" e dirigente de atores e que "deixou um vasto acervo".
O humorista Herman José salientou o profissionalismo "exemplar" e a verticalidade do ator Camilo de Oliveira. "Não imagino vida mais completa: profissionalismo exemplar, amores totais, caráter, verticalidade e alguns inimigos de estimação pelas razões certas", escreveu Herman José na sua página de Facebook, pouco tempo depois de a imprensa ter dado a notícia da morte do ator.
O ator Luís Alberto, que contracenou com Camilo num dos últimos programas de televisão do ator, lamentou a perda de um "excelente comediante" e enalteceu as qualidades pessoais do ator. "Tínhamos um bom relacionamento e uma grande amizade, e deixa-me muito boas recordações", afirmou.
A atriz Maria Emília Correia que classificou a morte do ator como a "perda de uma pérola" do teatro português.
O Sporting Clube de Portugal lamentou a morte do ator, referindo que a família leonina fica mais pobre com a partida de um dos seus mais notáveis membros. Na página oficial do Sporting, o clube manifesta a sua profunda consternação pelo desaparecimento de uma figura ímpar do teatro e da cultura portuguesa, mas também de um sportinguista assumido e empenhado.
A atriz Florbela Queiroz, que contracenou com Camilo de Oliveira por diversas vezes, recorda que "dentro do palco era difícil, fora dele era um 'gentleman' e tinha imensos amigos fora do meio teatral". "Dentro do palco tínhamos de saber lidar com ele, com aquela mania exagerada da perfeição e do profissionalismo, às vezes era difícil, apesar de nos termos sempre dado muito bem, pois no fundo o que ele queria era um bom espetáculo", afirmou Florbela Queiroz à Lusa.