Primeira exposição da Red Zone Gallery, no distrito de Lisboa, alerta para tragédia humanitária em curso em Gaza.
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De um edifício em ruínas na Póvoa de Santa Iria, em Vila Franca de Xira, nasceu um espaço artístico que faz da forte consciência social a sua principal valência.
Aberto no passado sábado, o espaço foi ocupado nas últimas semanas por meia centenas de artistas. O objetivo: criar uma galeria temporária de alerta que alertasse para a crise humanitária em Gaza.Espalhados pelas paredes e no chão, encontram-se, por entre destroços, retratos, frases ou composições gráficas, das quais sobressaem as cores da bandeira da Palestina.
Com a participação de artistas como Vhils, Bordalo II, Akacorleone, Tamara Alves, c"marie ou Gonçalo Mar, o projeto resumia-se inicialmente a um mural. Mas o entusiasmo dos participantes, somado à inexistência de uma parede com as dimensões necessárias, fez com que a opção recaísse sobre um edifício devoluto às portas de Lisboa.
O secretismo em torno do edifício é tal que os interessados em visitar a exposição só são informados acerca da sua localização exata depois de enviarem uma mensagem privada para o Instagram da galeria. Uma opção que procura reforçar a ideia de comunidade e vínculo associada a esta iniciativa.
Por isso, a escolha do local recaiu sobre um prédio devoluto. "Tomámos esta sala como se quiséssemos fazer uma exposição em Gaza. Como é que conseguíamos fazer? Se calhar era num sítio parecido com este, num cenário mais otimista", explicou à Lusa João Pereira, mentor da ideia.
A Red Zone Gallery não pretende ser apenas um espaço de exibição artística. As conversas assumem uma dimensão importante, como foi notório no dia da inauguração, em que se discutiram temas como o poder da expressão artística na construção da consciência sobre a causa palestiniana, o papel da comunicação social na cobertura dos ataques perpetrados pelo exército israelita e o impacto da morte de jornalistas na cobertura do conflito.