Inéditos de Sylvia Plath, Faulkner e Gombrowicz ou as estreias de Tarantino e Hillary Clinton em foco.
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O derradeiro livro de John Le Carré ("Silverview"), inéditos em Portugal de Sylvia Plath ("Diários - 1950-1962") e William Faulkner ("Ensaios, discursos e cartas públicas") ou os regressos de autores como Jonathan Franzen ("Crossroads"), Sally Rooney ("Onde estás, mundo maravilhoso?"), Haruki Murakami ("Primeira pessoa do singular") e Ken Follett ("Nunca") confirmam a evidência: a literatura estrangeira, sobretudo na área da ficção, é o segmento em maior destaque nesta "rentrée" literária.
Várias obras de monta prometem disputar a atenção dos leitores. É o caso da primeira tradução de "Diário", de Witold Gombrowicz, eleita pela crítica a obra mais significativa do autor polaco, ou "Fogo lento", o regresso da autora best-seller Paula Hawkins, mas também do colombiano Juan Gabriel Vásquez, com "Olhar para trás", e Javier Marías ("Tomás Nevinson"). Juntam-se a este leque outros autores populares como Stephen King ("Se tens sangue"), Jo Nesbo ("O reino") e Rachel Cusk ("Um segundo lugar").
Estreias improváveis
Nem só de consagrados vivem os planos editoriais para os próximos meses. Traduzidos por Tânia Ganho, "Açúcar queimado", de Avni Doshi, e "Notas sobre um naufrágio", da autoria de Davide Enia, são duas das principais apostas da D. Quixote para a época, tendo sido, respetivamente, finalistas do Man Booker Prize e vencedores do Prémio Anima Literatura.
Pela primeira vez, o cineasta Quentin Tarantino aventura-se no romance, ao transpor para livro o seu mais recente filme, "Era uma vez em Hollywood". Ainda em maré de estreias, realce para o "thriller" "Estado de terror" que a antiga senadora e candidata democrata Hillary Clinton escreveu a meias com Louise Penny.
Na ficção de língua portuguesa, o protagonismo recai sobre os novos livros de Miguel Sousa Tavares ("Último olhar"), Afonso Cruz ("Sinopse de amor e guerra") e Valter Hugo Mãe ("As doenças do Brasil"). Especial menção merecem ainda os novos livros de Mia Couto (um volume de crónicas intitulado "O caçador de elefantes invisíveis"), Ana Cássia Rebelo ("Babilónia"), e Cristina Almeida Serôdio ("O colégio").
Fora do reduto da ficção, há propostas significativas. A assinalar os 40 anos de vida literária, Mário de Carvalho lança um olhar retrospetivo sobre a sua vida em "De maneira que é claro...", recordando a infância nos bairros da Graça e da Penha de França, a prisão ou o exílio antes do 25 de Abril.
Biografias de Dante ("Uma vida", de Alessandro Barbero) e Manuel António Pina ("Para quê tudo isto?", de Álvaro Magalhães), chegam às livrarias nas próximas semanas, confirmando a aposta crescente das editoras no género.
As afinidades e distâncias entre escritores são o mote de três obras: Miguel Real aborda as obras de José Saramago e Fernando Pessoa no seu novo livro; Maria Filomena escreve sobre a "Estranha amizade" de Eça de Queirós e Ramalho Ortigão e, por fim, Luis Rodriguez Pastor explica a proximidade e posterior zanga entre Garcia Márquez e Vargas Llosa.
Contemplada há pouco mais de três meses com o prestigiado Prémio Rainha Sofia, Ana Luísa Amaral está em particular destaque nesta reta final do ano. Além de um novo livro de poesia - "Mundo", da Assírio & Alvim, chega no próximo mês -, a autora de "E todavia" traduziu dois livros que a Relógio D"Água vai publicar já no próximo mês: "Herbário e antologia de poemas botânicos", de Emily Dickinson, uma das suas poetisas de eleição, e "Políticas de poder", da canadiana Margaret Atwood.