Os restos mortais da escritora e pedagoga Irene Lisboa, falecida em novembro de 1958, são este domingo trasladados, do cemitério da Ajuda, em Lisboa, para o cemitério de Arruda dos Vinhos.
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A cerimónia no cemitério da Arruda dos Vinhos, onde uma pedra tumular assinalará o local, está marcada para as 11 horas, culmina as iniciativas que assinalam os 120 anos do nascimento da autora de "Solidão" e contará, entre outras personalidades, com a presença do presidente da câmara local, Carlos Lourenço.
"A pedra tumular terá gravada uma frase muito bonita da Irene [Lisboa], na qual se reflete sobre a vida e a morte", disse Inês Gouveia, afilhada da escritora.
"Os vários amigos de Irene [Lisboa] sempre acharam que se devia deixar um marco físico, e ainda recentemente, antes de morrer, a [artista plástica] Maria Keil falou nisso", afirmou Inês Gouveia.
A partir das 15 horas, no Auditório Municipal da Arruda, é exibido o documentário "Irene Lisboa - Lembrada por alguns que a não esqueceram", produzido em maio de 1993, baseado numa ideia da professora Clara Rocha.
Depois do documentário, com a duração de 70 minutos, a catedrática de literatura Paula Morão apresenta a palestra "Voltar atrás para quê?", título de uma novela de Irene Lisboa, de 1956. A fechar esta sessão, a poetisa Catarina Gaspar vai ler alguns poemas de Irene Lisboa.
Irene Lisboa estudou na Suíça, França e Bélgica, tendo-se especializado em Ciências da Educação.
Em Genebra, no Instituto Jean-Jacques Rosseau, trabalhou com Jean Piaget e Édouard Claparéde.
Nos anos de 1930, Irene Lisboa chegou a trabalhar "Bases para um programa de escola infantil", que não se coadunavam com a ditadura do Estado Novo.
Em casa, a vertente educadora de Irene Lisboa notava-se na "plena liberdade que dava, para que as pessoas se desenvolvessem", recordou à Lusa Inês Gouveia.
Na freguesia de Arranhó, na Arruda dos Vinhos, onde nasceu Irene do Céu Vieira Lisboa, a 25 de dezembro de 1892, existe um Museu, por iniciativa da afilhada, dedicado à escritora e pedagoga, com objetos pessoais, manuscritos, textos datilografados e primeiras edições.
"Uma mão cheia de nada outra de coisa nenhuma", "Um dia e outro dia", "Começa uma vida" são algumas das obras da escritora.