Há 10 cópias restauradas digitalmente do mestre italiano para ver a partir de hoje. Porto e Lisboa são as primeiras cidades a acolher a mostra, que se estende até final do mês
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A partir de hoje e até ao final do mês de agosto, os cinemas Nimas, em Lisboa, e Trindade, no Porto, oferecem uma proposta imperdível para quem gosta de cinema, a (re)descoberta de dez obras de um dos autores maiores da história do cinema, Roberto Rossellini. Depois, a mostra viajará para Setúbal, Figueira da Foz, Coimbra e Braga.
Roberto Rossellini (1906-1977) é normalmente descrito como a trave mestra do neo-realismo italiano. Sem querer – nem poder – minimizar a importância capital do cineasta no movimento e as influências que teve no cinema feito a partir desse momento, com reflexos ainda hoje em muito do que se faz pelo mundo fora, Rossellini foi muito mais que o obreiro desta forma única de fazer cinema.
Rossellini experimentou várias formas cinematográficas, expandiu a sua obra da ficção ao documentário, sendo também pioneiro no derrubar de fronteiras entre os dois “géneros”, trabalhou no formato curto e na televisão e, sobretudo, interessou-se pelos fluxos da História, primeiro trazendo-a diretamente para os seus próprios filmes, mais tarde reconstituindo-a, de uma forma também longe dos cânones dos “filmes de época”.
Cineasta à frente do seu tempo, levaria uma atriz então consagrada em Hollywood, Ingrid Bergman, a escrever-lhe uma famosa carta em que oferecia os seus préstimos, o que se tornaria também uma história de vida. Mas a obra do autor mantém intacta toda a sua modernidade. Podemos até dizer que, face a uma certa normalização do cinema de hoje, é ainda mais urgente ver ou rever a obra de Rossellini.
O pacote de dez filmes que agora nos chega reflete bem a diversidade da obra de Rossellini. E nada como começar já hoje com o eterno “Stromboli”, onde a Ingrid é uma estrangeira na ilha vulcânica que dá título ao filme. Uma personagem perdida nesta “terra de Deus”, que Rossellini filma a pensar na sua atriz/musa/companheira.
Fica aberta a porta para uma mostra que inclui ainda obras tão seminais como “Viagem a Itália” e “Roma, Cidade Aberta”, títulos menos conhecidos como “A Máquina de Matar Pessoas Más” e “Índia”, e outros clássicos como “O Amor”, “Alemanha, Ano Zero”, “O Medo”, “Paisà – Libertação” e “Europa 51”.