A Casa Comum da Universidade do Porto inaugurou ao público esta quarta-feira a exposição "Mulheres que fazem barulho", uma mostra que retrata o lado feminino do rock português desde o pós-revolução.
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"Um dos objetivos é retratar as mulheres que fazem barulho no rock português, mas também fazer uma transposição para outras áreas sociais onde as mulheres fizeram barulho, como nas humanidades e nas ciências sociais", explicou ao JN Fátima Vieira, vice-reitora da Universidade do Porto.
"O passado não é imutável e legitima o presente. Se contarmos novas narrativas podemos construir um novo presente", acrescenta a responsável.
A mostra está dividida em quatro secções, e para cada uma delas contribuíram as homenageadas com um património museológico pessoal que não tem lugar em nenhuma instituição, também por ser parte de uma "cultura underground". É possível ver o urso de peluche com que Ana Deus cantou pela primeira vez, o vestido curto com que Lena D´Água substituiu a minissaia, o acordeão de Sandra Baptista de onde saíram harmonias inconfundíveis do património sonoro luso ou os prémios de Manuela Azevedo. Mas há também cassetes, letras de músicas e pautas. Objetos que testemunham uma história nacional que também se escreve a partir destas protagonistas.
A abrir, "Viver depressa, morrer tarde", uma ironia com o mote "Live fast, die young". Nesta área da exposição figuram Ana da Silva (The Raincoats), Anabela Duarte (Mler Ife Dada) e Ondina Pires (Pop Dell' Arte, Ezra Pound & A Loucura, The Great Lesbian Show).
Na secção "Berrar mais alto", quatro mulheres que deixaram marcas indeléveis no rock nacional: Ana Deus (Ban, Três Tristes Tigres); Xana (Rádio Macau); Manuela Azevedo (Clã) e Beatriz Rodrigues (Dirty Coal Train).
Já em "Cansei de ser sexy" conta-se com Lena D'Água , Sandra Baptista (Sitiados e A Naifa), Marta Abreu (Voodoo Dolls e Mão Morta) e Cláudia Guerreiro (Linda Martini).
A fechar a mostra, "Sementes do futuro", com protagonistas de uma geração mais recente, como Carolina Brandão (Sunflowers), Mariana Santos, Dulce Moreira e Ana Clément (CRudE). Nesta área está também a homenagem a Elsa Pires (Bee Keeper) uma referência no panorama da edição de música alternativa e independente em Portugal nos anos 1990.
Com curadoria de Paula Guerra, "Mulheres que fazem barulho" pode ser visitada até 30 de setembro e será acompanhada de um programa de eventos paralelos a ser anunciado.
A Universidade do Porto tem feito "Brigadas de intervenção cultural", das quais nasce um intenso programa de residências artísticas, como a de António Poppe, sobre poesia, que está a decorrer.