“Glimmer” chega esta quinta-feira à Casa da Música, no Porto. Coreógrafo diz ao JN: "Isto é um projeto de um gozo tremendo que queria muito fazer". Em palco há, além de música e performance, robótica e cenografia de geometria variável.
Corpo do artigo
O coreógrafo Rui Horta diz estar "numa nova fase” depois de ter saído do Espaço do Tempo, o maior centro de produção e residências artísticas no nosso país, acolhendo anualmente cerca de 70 residências e inúmeros projetos, em Montemor-o-Novo. E diz estar “a viver um ano sabático".
O tempo é agora consumido com outra intensidade. "Durante os 23 anos em que estive no Espaço do Tempo, foi tudo alucinante. Agora tenho três filhos crescidos, todos fora de Portugal, e percebo que corri muito atrás da vida. Tenho tido muitas propostas para trabalhar em teatro e televisão, mas, não tenho pressa de trabalhar já", conta ao JN.
Um dos seus desejos é "viajar ao máximo, há muitas cidades pelo Mundo fora, onde estive e em que não conheço absolutamente nada. Como Buenos Aires em que conheço o hotel, o aeroporto e o teatro", relata.
Esta nova vida, ao "sabor dos meses" era algo que já estava programado para o ano passado, mas o volteface chegou com um convite dos Micro Audio Waves para o projeto "Glimmer", que se apresenta esta quinta-feira, às 21.30 horas, na Casa da Música, no Porto.
"Isto é um projeto de um gozo tremendo que queria muito fazer e por isso anulei logo tudo", relembra.
A certeza estava latente na memória, quando chegou o desafio 12 anos depois. Desde que criaram em 2020 o espetáculo multidisciplinar "Zoetrope" e deixaram uma marca indelével na criação portuguesa contemporânea, com lotações esgotadas em Portugal e no estrangeiro. "Girámos tanto, mas tanto e tivemos uma estreia mundial em Moscovo absolutamente selvagem", relembra Horta, entre risos.
“Sinto-me livre fora dos códigos, e eles [Micro Audio Waves] são completamente inclassificáveis. Têm o Flak, o Francisco Rebelo, dos Orelha Negra, que é das minhas bandas favoritas, o Carlos Morgado, uma referência na música nacional, e depois têm a Cláudia Efe, que é o meu espelho”, diz o coreógrafo.
A esta fórmula de sucesso juntou-lhe Gaya de Medeiros, “uma artista que coproduzi desde o primeiro momento e que teve uma explosão há quatro anos, estando agora em digressão pela Europa toda”.
Música, performance e multimédia
“Glimmer” é um espetáculo musical, performático e multimédia que tem entre outras coias “robótica e cenografia de geometria variável”, como conta o coreógrafo. Depois de já ter estado em Famalicão, Aveiro e Guimarães, esta quinta-feira será a primeira vez que “Glimmer” passa pelo Porto.
“A Casa da Música é um local muito especial para mim, com eles fiz o espetáculo com o Remix e outro de John Cage, tenho ótimas memórias da Casa da Música”.
“Glimmer” conta com vídeos criados por Stella Horta, arte digital de Guilherme Martins, David Ventura e Marco Madruga e figurinos de Constança Entrudo.
Depois do Porto, o espetáculo estará em Lisboa, no São Luiz Teatro Municipal, de 21 a 23 de novembro.