Ator de 97 anos está há um ano a correr o país com a peça biográfica “Ruy, a história devida”, a que já assistiram mais de 50 mil pessoas. JN falou com o decano dos atores, que este sábado chega ao Teatro de Bragança.
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O ator Ruy de Carvalho, que completou 97 anos no dia 1 de março, sobe ao palco do Teatro Municipal de Bragança este sábado à noite com a peça biográfica de teatro “Ruy, a história devida”. Há muito que os bilhetes estão esgotados.
O espetáculo, que estreou a 18 de janeiro de 2023, já foi apresentado em mais de 30 cidades pelo país fora, foi representada mais de 75 vezes e foi vista por mais de 50 mil espectadores. Mas o ator, uma autêntica lenda viva, ainda não está preparado para parar e deixar os palcos definitivamente.
“Eu gostava de continuar e ir a mais locais, sinto-me cheio de energia. Só que isto não depende só de mim, também depende da produtora querer ou não prosseguir. Por mim, sim, continuarei sempre em palco até ao fim, até ser possível”, confessou Ruy de Carvalho ao JN. “E é com muito gosto que vou a Bragança, tem uma casa de espetáculos maravilhosa e onde sou sempre muito bem recebido”.
Figura de vulto inigualável do teatro em Portugal, decano dos atores portugueses e com uma rara longevidade no trabalho e no meio artístico, nesta peça biográfica o artista abre o coração para contas histórias inéditas da sua carreira. E mostra uma faceta menos conhecida daquele que é aclamado como o maior ator português da atualidade.
Nesta peça singular, o público é convidado a fazer perguntas ao ator, fazendo desta experiência mais do que um espetáculo, mas uma conversa intimista entre amigos.
“É um dia de cada vez”
Em cena estarão relatos de histórias de amor, histórias de humor e até mesmo histórias para nos emocionar.
“As apresentações têm corrido muito bem e a peça é do agrado do público”, explica Ruy de Carvalho, revelando que o segredo para tamanha vivacidade, que ainda conserva, é a capacidade para viver um dia de cada vez, dia a dia, sem pensar no futuro ou delinear projetos.
“Não podemos pensar na morte. Não vale a pena pensar na morte, porque não leva a nada. Só devemos pensar na vida”, apontou.
Em “Ruy, a história devida”, que tem a duração de uma hora, Ruy despe a alma e fala do que viveu, acabando também a explicar a história do teatro português.
“É com muito gosto”
Do elenco, além de Ruy de Carvalho, faz parte Luís Pacheco. A encenação é de Paulo Sousa Costa e o texto de Paulo Coelho. A cenografia e figurinos são de Anne Carestiato e Fernanda Dias
A peça “Ruy, a história devida” é apresentada em Bragança no âmbito do 27 - Festival de Teatro que conta ainda com mais cinco peças em cartaz até 17 de abril.
De resto, as apresentações em Trás-os-Montes são sempre do agrado de Ruy de Carvalho, que já esteve diversas vezes no Teatro de Bragança. “O meu pai era transmontano e venho cá com muito gosto”, sublinhou o artista de 97 anos.