“Universo Dalí” é o título da mostra que inaugura esta quarta-feira e estará patente, até dia 31 de outubro, no Museu Atkinson do quarteirão cultural de Gaia, WOW. Uma exposição que dará a conhecer os principais marcos da vida e da carreira do artista, com mais de 200 trabalhos expostos.
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Desenhos, esboços, pinturas, esculturas e trabalhos comerciais e publicitários, compõem a diversificada coleção de obras de Salvador Dalí. Mas também uma seleção de fotografias tiradas por Robert Descharnes, fotógrafo francês e amigo de Dalí, entre 1955 e 1985, enriquecem a exposição oferecendo uma visão sobre o lado da vida pessoal do artista, em momentos íntimos e no seu ambiente familiar.
Um século depois do advento do Surrealismo, corrente artística que Dalí afincadamente representou, a exposição celebra o marco em nove salas diferentes do Museu Atkinson, com títulos como “Os caprichos de Goya metamorfoseados versus intervenção Dalí” ou “Pinturas de Dalí”.
Andreia Esteves, responsável pelas exposições e parcerias internacionais do WOW, diz que “o que se vê ao longo do percurso da exposição, é um pouco diferenciado daquilo que as pessoas estam habituadas a ouvir falar de Salvador Dali” e acrescenta ainda que “o que se pretende é mostrar os verdadeiros passos e etapas da obra e vida de Salvador Dali, não só como surrealista, mas também o Dali que bebeu do impressionismo e que tinha também uma vida íntima”.
Quem foi Salvador Dali?
Nascido em Figueres, nordeste de Espanha, em 1904, Salvador Dalí tornou-se uma personalidade internacional inconfundível, tal como o seu bigode. Com um estilo único, a sua criatividade mostrou não ter limites e, juntamente com o humor provocador, tornou-se uma figura marcante que transcendeu o tempo.
Nicolas Descharnes, filho de Robert Descharnes, considerado um especialista em Dalí esteve presente na inauguração da exposição, onde referiu uma citação que o pai inventou para ilustrar Salvador Dalí que “era geneticamente espanhol, intelectualmente francês, esteticamente italiano e comercialmente americano”, e reforçou a importância da obra fotográfica exibida: “pelas fotografias do meu pai, pode manter-se viva a memória deste génio”.
Uma obra especial e igualmente curiosa
“Visão do inferno em Fátima” tem uma réplica numerada na exposição patente no WOW e revela a ligação de Dalí a Portugal e a sua religiosidade católica pouco conhecida, uma obra intrigante e que não ficará indiferente a quem a visite. Carlos Evaristo, perito em iconografia sacra, explicou que a obra foi “uma encomenda feita a Dalí, em 1959, para a representação do terceiro segredo de Fátima”, uma pintura que levou três anos a finalizar, e acrescentou ainda que “a obra permaneceu, desconhecida, durante quase três décadas debaixo do colchão de uma freira”. Ainda no contexto religioso, o surrealista “visitou Fátima, encontrou-se com a Irmã Lúcia e converteu-se ao catolicismo, tanto que depois acabou por devolver à Igreja o dinheiro que tinha recebido pela obra”.
A mostra é realizada em colaboração com Nicolas Descharnes e Carlos Evaristo, da Fundação Oriana. A curadoria esteve a cargo de Andreia Esteves, responsável pelo Museu Atkinson e pelas parcerias internacionais do WOW. Os bilhetes têm um custo de 15 euros para adultos e 7,5 euros para crianças. De 19 de junho a 31 de outubro, a mostra pode ser visitada das 10 às 19 horas.