É preciso recuar até 1999 para encontrar a fundação de Sam The Kid enquanto artista a solo, quando lançou o álbum "Entre(tanto)".
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Hoje, 20 anos e mais alguns discos depois, o "rapper "de Chelas volta a subir a palco em nome próprio. Às 21 horas, as portas do Coliseu do Porto vão abrir para uma enchente de fãs, a espelhar o que aconteceu em outubro no concerto gémeo no Coliseu dos Recreios, em Lisboa. Aos 40 anos, Samuel Mira deixa de ser "o miúdo" para receber uma plateia como gente grande.
A ideia de atuar nos Coliseus surgiu como uma "epifania", quando o artista ia no carro a ouvir a última música que lançou, "Sendo assim", do álbum "Mechelas", de 2018. "Comecei a imaginar que gostaria de a tocar com uma orquestra. Isso foi o ponto de partida", revelou Samuel ao JN.
Público só para o ver
Desde a digressão de "Pratica(mente)", disco de 2006, que o também produtor não subia a um palco sozinho. E os espetáculos em que participou tinham sempre outros artistas no alinhamento. "Nunca dei nenhum espetáculo em nome próprio ou com produção própria. Só agora, passados estes anos todos, é que consegui fazer isso", explicou o artista, habituado "a tentar conquistar metade das pessoas num determinado sítio, como um festival". Agora, o público está lá só para ele. "Ter aquelas pessoas ali por mim é algo muito bom, porque faz com que estejam mais disponíveis para me ouvir. Acabo por estar mais mimado".
Depois de mais de 10 anos com Mundo Segundo e Orelha Negra, Sam sente-se melhor. "Melhor a todos os níveis, tanto a produzir como nas rimas. Mas gosto muito do meu trabalho anterior, o "Pratica(mente)". Não mudaria nada e tenho muito orgulho, nesse e em todos os outros", explicou o rapper, também autor de "Beats vol. 1: Amor" (2002) ou "Sobre(tudo)" (2002). "Mechelas" é "uma compilação" em que Samuel diz estar "mais presente enquanto produtor". "A música "Sendo assim" é a única em que canto sozinho. Isso é que já não acontecia há muito tempo".
A mensagem de "Juventude é mentalidade", o êxito de 2006, continua a fazer sentido. "Sim, sem dúvida. Falo disso na música, que é manter essa fome, esse desejo de criar e não ser uma obrigação, mas uma paixão. Continuo a ser produtivo diariamente. Não há folgas".
O nome mantém-se, mas a transformação consumou-se."O rapaz de 15 anos mais sonhador ia estar orgulhoso de mim agora".
Concerto em Lisboa
"O concerto em Lisboa foi especial. Foi tão emocionante que gostaria de repetir a sensação no Porto", disse o artista. "A nível de espetáculo, será exatamente igual, com uma pequena exceção, um amigo b-boy que se ofereceu para dançar no palco, algo que não aconteceu em Lisboa", revelou, reforçando que "a nível de entrega, convidados e alinhamento" são para repetir. Entre os convidados estão o pai, Napoleão Mira, Xeg, Sanryse, Carlão, SP, Mundo Segundo e David Cruz e Amaura nas "back vocals".