Canta de fato e saltos altos (nada de vestidos, mexe-se muito, e é assim que se sente bem). Não compõe letras (deixa essa parte para quem sabe). Tem quatro datas esgotadas nos Coliseus, três em Lisboa, uma no Porto (pisar esses palcos é sonho tornado realidade).
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É do bairro com muito orgulho (fomos ter com ela aos lugares onde cresceu). Se pudesse, parava o tempo nos momentos genuinamente felizes (para depois voltar a entrar na vida). Gosta de praia, banhos de mar, comida de tacho. Tem uma mala sempre pronta para viajar.
Atravessa aquela praça, outrora mercado a céu aberto onde se vendia peixe e roupa, agora campo da bola com balizas à maneira que junta criançada ao fim da tarde, a caminho de casa na Zona I, em Chelas. Quando era miúda, jogava como ponta de lança, marcou muitos golos, foi campeã interescolar de futebol e basquetebol durante três anos. Conhece o trajeto de olhos fechados. Passou a juventude mais fora do que dentro de casa. Tinha um papagaio, o Cacá, que falava e assobiava às moças que passavam. A vida não foi fácil. “A minha mãe tinha três trabalhos para nos sustentar”, lembra. A ela e ao irmão Ricardo, cinco anos mais novo, hoje a trabalhar na Junta de Freguesia e a acabar o curso de Engenharia Informática. Um orgulho imenso, confessa.