Entre Cabo Verde e Portugal. Assim se descreve o cenário da vida da intérprete Sara Tavares. Começou a carreira com 16 anos e cresceu entre as culturas cabo-verdiana e portuguesa. O novo álbum da cantora vai ser lançado no próximo dia 11 e fá-la regressar aos palcos nacionais e internacionais.
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Chama-se "Xinti", do qual o público luso poderá ter as primeiras sensações, no retorno aos palcos, dia 4 de Julho, no Festival Delta, em Lisboa. Depois de ter vencido o concurso "Chuva de estrelas", conquistou o 8º lugar numa das edições do Festival Eurovisão da Canção, com o tema "Chamar a música". Adoptou, desde o início, um som soul e pop. Foi-se deixando contagiar pelos ritmos do continente a que deseja voltar sempre: África. O primeiro CD, "Mi ma bô", surge em 1999 e é prova dessa mistura entre ritmos de África e melodias tipicamente pop. Passados cinco anos, lança "Balancé", produzido, composto, escrito e com vários instrumentos tocados pela própria Sara Tavares. Regressa, agora, com um disco que deixa um desafio às pessoas: "Xinti" ou "sente". É nele que a artista diz revelar os sentimentos mais íntimos da sua alma.
Quais são as expectativas para o lançamento do novo disco?
Tudo tranquilo. A expectativa é que as pessoas gostem, principalmente aqueles que me têm vindo a seguir. Que se sintam abraçados com mais um bocado de mim, da minha música e criatividade.
Porquê a escolha do nome "Xinti"?
Este é um álbum que não tem muito a explicar, nem muito a dissecar. É um álbum para sentir. É um álbum muito íntimo, quase de oração para mim.
De onde surgiu a inspiração para este trabalho?
A inspiração vem sempre do dia-a-dia e do que se vai passando dentro, na alma. Foi um disco em parte escrito na estrada, durante a tournée dos últimos três anos, e tem a ver com o processo de renovar a energia no trabalho e na amizade, o companheirismo com os colegas e, também, o seguir caminho para a frente.
"Quando dás um pouco mais" é o nome da primeira canção. A Sara dá um pouco mais de quê neste novo projecto?
Dou um pouco mais de mim, um pouco mais de coração, um pouco mais nu.
Entre "Xinti" e o álbum anterior, quais as maiores semelhanças e as maiores diferenças?
As semelhanças são várias, porque têm a mesma sonoridade. Brinco com os mesmos elementos, os ritmos de Cabo Verde, mas ao mesmo tempo misturados com coisas mais mainstream - reggae, soul, pop. Continua a haver essa mistura. Continuo a cantar em crioulo e em português. E a grande diferença acho que é um disco mais virado para dentro, mais íntimo.
O que mudou da Sara Tavares que venceu o "Chuva de Estrelas" para a que vai lançar um álbum em 2009?
Muita coisa. Era ainda adolescente com 15 anos e agora tenho 31. Levou-me a um crescimento normal de ser humano, como mulher e como artista. Acho que sou uma pessoa mais sólida.
Qual é a sua música favorita no novo álbum e porquê?
Favorita não tenho. Acho que elas acabam por ser uma música só, mas escolhemos uma música como single e cartão de visita que se chama "Ponto de luz". É um tema muito singelo, muito simples, mas fala do meu sentido de fé, que há um ponto de luz que eu sigo e me conduz, mesmo que não seja nada em concreto e seja só um sentimento de andar em direcção ao que é positivo e ao que é bom.
Qual é o "ponto de luz" na vida da Sara?
É sentir-me como uma alma que pertence a Deus, que caminho em alguma direcção e que o meu trabalho é um serviço de tentar inspirar as pessoas com vibração positiva, generosidade e boa disposição.
"Pé na strada" é um dos temas de Xinti. Os novos horizontes e as viagens são factores de descoberta musical para si?
Vou ouvindo música naturalmente, mas é mais o que se passa comigo emocionalmente. As relações entre as pessoas que me são mais íntimas, os colegas, os amigos e conhecer pessoas novas. As minhas músicas têm muito a ver com o poema que escrevo. Depois, a música é uma coisa que embala esse poema e esse pensamento. Então, sim, era um pensamento de estrada, renovação e de quem estava cansada e tem de andar sempre em frente, um pé à frente do outro. Não interessava bem onde é que se ia, interessava que se fosse em frente. Esta é a mensagem deste álbum.
Na nova tournée, a Sara vai actuar em Portugal e em países como a Bulgária e a Alemanha. Que palco do mundo ainda quer pisar?
Gosto de ir a todos os sítios. Gostaria de tocar mais cá, em Portugal. Senti saudades de tocar para nós. Achei cansativo estar sempre a traduzir a minha música e senti falta de ser compreendida em primeira mão. Também tenho de ir mais vezes a África. Já fui várias vezes. Agora em Maio, vamos ao Zimbabwe, mas gostaria de ir mais vezes a Cabo Verde, a Angola. Principalmente, à África lusófona. Tenho muitos fãs lá e gostava de conviver e estar mais com eles e tocar mais para eles.
Que sonho ainda tem por realizar?
O grande sonho que tinha era ser músico. Hoje em dia, é manter-me e continuar a expandir-me como ser humano.
Tem mais projectos futuros relativamente à música?
Tenho este disco acabado de sair. O nosso grande projecto é agora ensaiar uma banda nova, montar o concerto, fazer uma boa tradução do disco e proporcionar um bom espectáculo a quem nos venha ver.
