Os responsáveis do projeto Sarha anunciaram, anteontem, a esistência da participação na Guimarães 2012 - Capital Europeia da Cultura, manifestando-se "chocados" por a sua performance ter sido alegadamente tratada como "um espetáculo de 'souvenir'". "Choca-nos, acima de tudo, que uma sofisticada representação sobre os direitos humanos no atual estado da nossa civilização e uma representação artística sobre a interação de culturas variadas possa ver-se tratada como um espetáculo de 'souvenir' para a Capital Europeia da Cultura", referiu Mia Have, diretora daquele projeto.
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A responsável apontou o dedo à produtora do espetáculo, o Centro de Criação para o Teatro e Artes de Rua, acusando-a de incumprimento "drástico" de "todas as mais básicas, mínimas e elementares condições artísticas, administrativas e logísticas".
O projeto Sarha, além de fazer a ponte entre as culturas de Jenin, na Palestina, e de Guimarães, pretende denunciar as "brutais e cruéis violações" dos direitos humanos naquele país. "São violações a que todo o Mundo assiste, mas que muito poucos levam suficientemente a sério. De modo semelhante, também nós e o nosso trabalho não fomos aqui tomados a sério. Vimo-nos colocados numa posição na qual não é possível prosseguir este trabalho", referiu Mia Have.
A participação do projeto Sarha na Guimarães 2012 previa três momentos, o primeiro dos quais teve lugar anteontem, com a apresentação de duas faixas bordadas com 15 metros, uma das quais executada por mulheres de Janin e a outra por mulheres de Guimarães. No final da apresentação, Mia Have anunciou que a participação do projeto na Guimarães 2012 ficava por aqui.
Os outros dois momentos estão marcados para dia 23, com um concerto, e 29, com um espetáculo envolvendo a participação de gente de Guimarães.
Apanhado de surpresa
O diretor de comunicação da Guimarães 2012 para a programação cultural, Lino Teixeira, garantiu que a fundação que organiza a Capital Europeia da Cultura vai falar com a produtora do espetáculo e com Mia Have, fazendo "todos os esforços para conciliar vontades" de forma a que o projeto seja cumprido. "Sabíamos que havia divergências de opinião e de trabalho entre a equipa artística e a equipa de produção, que estávamos a tentar superar e que pensávamos que estavam ultrapassadas", acrescentou, confessando-se apanhado de surpresa com o anúncio da retirada do projeto Sahra.
A Lusa tentou ouvir os responsáveis do Centro de Criação para o Teatro e Artes de Rua, mas tal não foi possível.