Saúde mental, alegria inconsequente e pérolas a porcos no segundo dia do Marés Vivas
Segundo dia do Meo Marés Vivas trouxe três músicos com registos muito díspares: James Arthur, Pedro Capó e Ben Harper. Esta madrugada, fãs de Louis Tomlinson dormem na porta do recinto para serem os primeiros a entrar.
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O britânico James Arthur tem sido uma voz importante na discussão sobre saúde mental, usando a música para partilhar as suas próprias lutas e para apoiar aqueles que enfrentam desafios semelhantes. A sua franqueza e vulnerabilidade sobre o tema ajudaram a desestigmatizar estas questões.
James Arthur tem falado abertamente sobre as suas batalhas com ansiedade e depressão, mencionando como esses problemas afetaram sua vida pessoal e carreira. O cantor descreveu períodos difíceis após ganhar "The X Factor" em 2012, quando a pressão da fama e as críticas públicas o levaram a um ponto de ruptura. Em entrevistas, James Arthur contou que procurou ajuda profissional, incluindo terapia e medicação, para lidar com sua saúde mental.
Canções como "Recovery" e "Sermon" exploram temas de luta e redenção, ressoando profundamente com fãs que enfrentam dificuldades semelhantes. A sinceridade das suas letras e a intensidade emocional permitem encontrar conforto e compreensão na sua música.
James Arthur acredita veemente que falar sobre saúde mental pode salvar vidas. Nas suas entrevistas e nas redes sociais, ele costuma encoraja os seus seguidores a serem gentis consigo mesmos e a procurarem ajuda quando necessário. A sua mensagem é clara: não há vergonha em enfrentar problemas de saúde mental, e é vital encontrar suporte e recursos para lidar com esses desafios.
"Impossible", "Say you won't let go", "Naked" e "Rewrite the stars" criaram coros impressionantes dos milhares de fãs que se juntaram para vê-lo.
Limão e açúcar
O porto riquenho Pedro Capó foi como uma colherada de açúcar numa noite de limões amargos. A sua energia em palco, as suas danças e o otimismo desenfreado tão tipicamente latino conseguiram combater o que parecia ser um filme de Lars von Trier, onde os protagonistas estavam ali para sofrer e quando achavam que a situação não podia piorar, as circunstâncias encarregaram-se de mostrar que podia.
As suas rimas pueris e contagiosas deixaram o público todo a dançar: "Nadie como tutu para que ese cuerpo tuyo que me tiene cucu" e logo ali um mar de quadris se abanavam ao som. Romântico apresentou a cantora Adryana Mueller, "diretamente de Porto Rico" para cantar com ela "Quiero verte esta noche". Gabriela, que estava na sua despedida de solteira no Marés Vivas, cantava animadíssima a agitar o véu branco sobre a cabeça.
"Si lo malo sabe tan bueno tan malo no puede ser" levou o público ao rubro, especialmente Ana e as amigas que garantiam ter dançado esta música no espetáculo da escola. Na última ronda garantiu que "La ultima la paga el diablo y la gente buena no se entierra se siembra". Isto exatamente antes de cantar o super êxito "Calma" e, saídos do alívio de "Vamos pa la playa pa curarte el alma", logo regressamos à dor.
Ben Harper delírio para melómanos
Ben Harper entra em cena e diz-nos ao ouvido "I'd like to spend the time that you would like to spend with me / So that you could help me out with my dependency / 'Cause I'm hopelessly addicted, addicted to your sorrow / Makes me never wanna work, beg or borrow" (Eu gostaria de passar contigo o tempo que tu gostarias de passar comigo, porque eu sou completamente viciado, viciado na tua tristeza, que me faz não querer trabalhar, implorar ou pedir emprestado).
Ben Harper é um músico fabuloso e se os 16 álbuns de estúdio o comprovam, ao vivo a sua banda está exatamente na mesma fasquia, o que permite que o público de melómanos presente se silencie para desfrutar do seu virtuosismo. Há quem comente que talvez fosse mais apropriado para um festival de jazz, mas o positivo é que há uma desistência do público presente apenas por motivos sociais.
"Don’t give up on me now", "Finding our way" ou "Steal my kisses from you" fizeram as delícias dos melómanos e o tema "Good Luck/Boa Sorte", que gravou com Vanessa da Mata, (parte cantada pelo público) foi um importante momento de comunhão.
À espera de Tomlinson
À saída do recinto, já de madrugada, havia várias pessoas deitadas no passeio. Ana e as amigas jogavam cartas e desvendaram o mistério: "estamos aqui porque queremos ser os primeiros a ver o Louis Tomlinson". O grupo veio de Flexibus de Lisboa, mas este sábado não tinham bilhete e portanto vão dormir ao relento, na porta do Parque de Campismo, para vê-lo. Após a saída dos One Direction, Louis Tomlinson iniciou a sua carreira a solo. O primeiro single solo, “Just Hold On,” em parceria com Steve Aoki, foi lançado em 2016 e alcançou o sucesso. Continuou a lançar músicas, incluindo singles como “Back to You” (com Bebe Rexha), “Miss You,” e “Two of Us.” Em 2020, Tomlinson lançou o seu álbum de estreia a solo, “Walls,” que recebeu críticas positivas e consolidou a sua posição como artista.