
O secretário de Estado da Cultura afirmou, esta quarta-feira, que "estão a ser asseguradas" as medidas para garantir o funcionamento da Cinemateca, acrescentando que este organismo cultural não vai encerrar.
Jorge Barreto Xavier reagiu assim, por escrito, ao alerta de terça-feira da direção da Cinemateca do risco de encerramento de atividades do Museu do Cinema e dos Arquivo Nacional de Imagens em Movimento (ANIM) por questões orçamentais.
"Independentemente de qualquer circunstância, as medidas para garantir o funcionamento da Cinemateca estão a ser asseguradas", garantiu o secretário de Estado.
A diretora da Cinemateca, Maria João Seixas, afirmou que a estrutura cultural corre o risco de fechar "se não houver uma injeção de dinheiro" em breve.
"Precisamos de uma decisão até ao final do mês", alertou, sublinhando que em causa está a salvaguarda do património do cinema português, nos arquivos em Bucelas (Loures), os salários de 71 trabalhadores, a programação e restantes atividades de funcionamento do Museu do Cinema.
O orçamento da Cinemateca não depende diretamente do Orçamento Geral do Estado, mas provém da cobrança da taxa de 4% de exibição de publicidade nas televisões, cujas receitas são repartidas entre aquele organismo (20%) e o Instituto do Cinema e Audiovisual (80%).
Como a exibição de publicidade tem sofrido uma quebra acentuada nos canais de televisão por conta da crise económica e da retração do setor, tal reflete-se no orçamento da Cinemateca.
Em janeiro, a direção alertou que o processo de preservação do acervo em película estava suspenso, que havia máquinas a precisar de manutenção e reparação e que os novos cofres de preservação, no ANIM - Arquivo Nacional de Imagens em Movimento (Bucelas) já não tinham capacidade de acolher mais coleções por falta de dinheiro para a compra de prateleiras.
Em maio passado, a Cinemateca abdicou dos ciclos temáticos da programação por estar impedida de recorrer a "quaisquer cópias oriundas de fontes externas importadas pela própria Cinemateca, assim como a respetiva legendagem".
Os "constrangimentos orçamentais", já várias vezes mencionados pela direção, já tinham levado a Cinemateca a cortar na legendagem e nos modelos de divulgação da programação mensal.
